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Polêmica: Rainha do Miss Transex 2013 rejeita cirurgia de readequação genital

Redação Lado A 22 de Outubro, 2013 17h32m

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Raika Ferraz, de 21 anos, de São Paulo, foi eleita na noite desta segunda-feira como Miss Transex 2013, em disputado e glamoroso evento no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Nesta terça, em entrevista para o site G1, ela lançou a primeira polêmica de seu reinado: “Amo ser assim e não quero operar”. A operação de readequação genital era um dos prêmios oferecidos pelo concurso de beleza que teve 28 candidatas de 11 estados brasileiros e comemorou a sua segunda edição.

A organização prometeu 200 mil baht tailandeses de prêmio, cerca de R$ 14 mil reais, suficientes para uma cirurgia de “mudança de sexo” nas melhores clínicas do mundo, na Tailândia, e um ano de assessoria e tratamentos estéticos e odontológicos para que a candidata represente o país no Miss International Queen 2014, na Tailândia. Raika porém afirmou que não tem desejo de passar pela cirurgia.

O tema expõe a polêmica dentro do próprio movimento transex. Antes havia uma separação entre travestis e transexuais que está caindo por terra. O novo conceito é que o gênero e a autoaceitação são individuais e íntimos, que fatores externos não podem ditar o sentimento com o próprio corpo. Se antes a transexual deveria querer ser mulher e ser aceita pela sociedade, hoje ela defende a identidade de mulher trans. A vagina não é o símbolo da mulher, nem o ovário e nem outra parte do corpo, mas a psique, de se identificar e se sentir mulher.  Claro que há quem queira e sonhe com a cirurgia e com uma vida secreta de ex mulher trans, aceita pela sociedade após a cirurgia e vivendo uma mentira sobre seu passado. Porém muitas afirmam que não fariam a cirurgia para “agradar” a sociedade, sendo que esta sempre a verá como uma mulher incompleta. O tema é complexo.

“As travestis e transexuais é a parcela da população mais marginalizada atualmente pela sociedade brasileira, a grande maioria não conseguem uma colocação no mercado de trabalho, não tem o seu direito de serem chamadas pelo nome social respeitado, além de liderarmos todas as estatísticas oficiais ou não de crimes motivados por homofobia/transfobia no país, o Miss T Brasil, pretende visibilizar as travestis e transexuais através da beleza e da arte” afirma Majorie Marchi, presidente da Astra-Rio. O 2º Miss T Brasil foi organizado pela Associação das Travestis e Transexuais do Estado do Rio de Janeiro (Astra-Rio) e tem apoio do governo do estado do Rio de Janeiro.

A mudança de paradigmas deu trégua nas diferenças entre transexuais e travestis. Se antes elas eram separadas por suas diferenças, hoje elas se unem em nome de uma semelhança e juntas lutam contra o preconceito. Ao menos assim deveria ser.

 

 
Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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