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Veja quem são os 10 Inimigos Públicos dos Gays em 2014

Redação Lado A 29 de Maio, 2014 23h54m

A tradicional lista anual da Revista Lado A, a mais antiga revista impressa para a comunidade gay brasileira, “Os 10 inimigos públicos dos gays no Brasil” enumera as personalidades brasileiras, que por meio de ações ou declarações na mídia, promovem o preconceito à comunidade de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros no Brasil. São declarações que desqualificam os cidadãos homossexuais e promovem o preconceito que em um cenário maior sustentam um sistema de opressão que resultam em assassinatos, bullying, discriminação e suicídios. O ódio é ensinado e infelizmente a mídia ajuda a promover essas posições e opiniões que são legítimas (no sentido de que expressam um pensamento) mas que não deixam por isso de causar dor e validar preconceitos. São declarações irresponsáveis, que poderiam ser banidas se houvesse uma lei contra a homofobia no país, como aconteceu com as ofensas à comunidade negra, com a aprovação da Lei do Racismo.
 
Declarações e ações que também contribuem para a marginalização de homossexuais, desaceleram as conquistas de igualdade e direitos, sobretudo das travestis e transexuais, a quem faltam oportunidades e sombra violência, por serem mais expostas aos preconceitos sociais. Muitas são expulsas de casa, e sem ter a quem recorrer, terminam nas ruas se prostituindo. As drogas também são mais presentes entre os marginalizados, uma vez que sua auto-estima e capacidade de protagonizar suas escolhas são menores. O preconceito e violência ainda aumentam a carga de estresse e medo, atacando diretamente a qualidade de vida e saúde, inclusive mental, dos LGBTs.

Valorizamos a liberdade de pensamento e expressão, bem como o exercício da fé, mas tais declarações e posicionamentos são nocivos e devem ser combatidos, sobretudo a quem prega o amor e o exemplo. São ainda sinais de ignorância, uma vez que geralmente não possuem argumentos racionais e tem fundamentação em fanatismos, insensibilidade ou auto promoção. 
 

Segundo o Grupo Gay da Bahia, a cada 26 horas um homossexual é morto no país por conta da homofobia. São crimes em que a orientação sexual ou a vulnerabilidade social por conta do preconceito estão presentes. Ou seja, além de toda violência e intolerância já existente em nossa sociedade, os LGBTs precisam lidar com graus acrescidos de vulnerabilidade. Não por opção, o que não é entendido por quem age de forma homofóbica. As pessoas abaixo não são necessariamente homofóbicas, que odeiam homossexuais, mas apresentaram em seus discursos ou ações elementos que promoveram a homofobia, por isso seus nomes nesta lista. 

Vale fazer notar que o discurso encontra abrigo nos mais diversos partidos políticos, não apenas na dita direita reacionária.
 

Selecionamos, por meio de uma indicação feita por 10 militantes LGBTs convidados, que não são revelados por questão de segurança e opção editorial, e publicamos por ordem de importância as 10 pessoas que mais se destacaram na mídia com palavras e ações contra os direitos e a dignidade de cidadãos homossexuais no Brasil. 

Autorizamos a reprodução da lista desde que citada a fonte e fornecido link para esta publicação.
 

Confira a lista Os 10 inimigos públicos dos gays no Brasil 2014:

 

Pastor Everaldo Pereira – Vice presidente do Partido Social Cristão, PSC, partido que abriga a maior quantidade de políticos que se manifestam usando a Bíblia para condenar a homossexualidade publicamente e atuam contra leis a favor dos direitos LGBT no país. Pastor da Assembleia de Deus, apoiou a permanência de Marco Feliciano como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara, em 2013, e foi um dos idealizadores da campanha “homem + mulher =família”, do partido em 2012. O presidente do partido, Vítor Nósseis, apesar de ser um teórico inteligente e de idéias galgadas no verdadeiro socialismo cristão, permite que o veio preconceituoso, liderado pelo vice, prevaleça. Com candidatos puxadores de voto, como Ratinho Junior no Paraná, a bancada avança e multiplica o discurso religioso conservador. O partido articulou este ano, junto com o restante da bancada evangélica, a retirada do termo “orientação sexual” das diretrizes do Plano Nacional de Educação, alterando o texto para “todas as formas de preconceito”, para mais uma vez barrar uma ação direta contra a homofobia nas escolas.


 

Olavo de Carvalho – Jornalista, filósofo, escritor, fundador do site Mídia sem Máscaras, de extrema direita. Com visão conservadora, serve de fundamentação para boa parte dos preconceituosos brasileiros, sobretudo na internet. Em parte, suas palavras são mal interpretadas mas seu discurso também é altamente dissimulado. O “professor” utiliza termos gayzistas, sodomia, defende que a homofobia (inclusive a pena de morte) é parte da cultura de muitos países e que a aceitação é algo imposto. Ele usa de ironia, termos de baixo calão, e defende que os gays agem contra a natureza divina. Cria um paradoxo perigoso entre o direito individual e o coletivo e fornece on line material de ultra direita para neonazistas nacionalistas brasileiros. Não reconhece os gays como família e faz pouco caso dos gays, dos ativistas, da luta pelos direitos e aliados.

Marisa Lobo – Psicóloga paranaense que defende o direito de tratamento de homossexuais que desejam deixar a homossexualidade e teoriza sobre a psicologia cristã, em que afirma que ex-gays existem e devem ter direito a ajuda profissional. Apoiada em preceitos religiosos, ela diz não ser homofóbica e ter amigos gays. Corre risco de ter seu diploma profissional cassado por suas declarações. Membro da Igreja Batista, ela encontrou na Câmara apoio a suas demandas e pretende se lançar candidata à deputada estadual.


 

Silas Malafaia –  Pastor e apresentador de TV que prega com a Bíblia contra os homossexuais em seus programas e com suas opiniões conservadoras e afirma que existe uma “Ditadura Gay” no país. Afirma que gays querem direitos especiais e acusa militantes gays de promoverem perseguição aos cristãos e esquemas fraudulentos. Ataca ainda o caráter dos homossexuais, chamando-os de aberração, fornicadores, entre outros termos, confundindo-os com pedófilos, generalizando comportamentos e reforçando estereótipos. Malafaia também afirma que os crimes homofóbicos não existem e diz que são derivados de crimes passionais ou com envolvimento com drogas em sua maioria.

Dep. Fed. João Campos – Autor do projeto de decreto legislativo para derrubar a resolução do Conselho Federal de Psicologia que proíbe o tratamento de homossexuais, o deputado federal (PSDB-GO) deu início à discussão do tema e fez declarações a favor da família tradicional, citou a Bíblia, e reverberou opiniões preconceituosas.  Ele também quis derrubar, por meio de um PDL, a decisão do Conselho Nacional de Justiça que viabilizou o reconhecimento do casamento gay em todo o país.

Dep. Fed. Marco Feliciano – Pastor de sua própria igreja e Deputado Federal (PSC-SP), ganhou notoriedade ao se posicionar contra a comunidade gay e a fazer declarações racistas com base na Bíblia. Com estilo pessoal cheio de cuidados com a beleza, foi eleito por seu partido presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara, em 2013. Acusando a comissão de servir apenas aos interesses da comunidade gay, barrou projetos e aprovou em seu mandato. O famigerado projeto de lei da “Cura Gay”, que depois saiu de pauta a pedido do autor, deputado João Campos (PSDB-GO), pressionado pelo seu partido, chegou a passar pela comissão presidida pelo deputado.

Dep. Fed. Jair Bolsonaro – Antes mesmo da bancada evangélica perceber o potencial midiático das polêmicas que envolvem os projetos voltados aos homossexuais, o deputado federal fluminense (PP-RJ) partiu em defesa da “família tradicional” e contra a comunidade gay ao se deparar com um projeto que abordaria a homossexualidade nas escolas a fim de combater a homofobia. Fez declarações pesadas, ganhou mídia, e abriu a onda de discursos homofóbicos. Mais uma vez, atuou contra os gays defendendo o projeto de “Cura Gay” no ano passado.


 

Dep. Fed. Pastor Eurico – O pastor e deputado federal (PSB-PE) propôs este ano um novo projeto de decreto legislativo para derrubar a proibição do CFP ao tratamento da homossexualidade. Com discurso contra os gays parecido com os demais pastores políticos, ele ainda se envolveu recentemente em polêmica com a apresentadora Xuxa, ao qual atacou dizendo que ela fez um filme pornô com uma criança, sendo por isso afastado da comissão de Constituição e Justiça, onde foi feita a ofensa a apresentadora, pelo partido.

Senador Magno Malta – O senador carioca (PR-ES) é o líder evangélico no Senado Federal e responsável no Senado pela tranca de pautas e alianças contrárias aos projetos que visam melhorar a qualidade de vida da comunidade gay no país. Ele tem discurso preconceituoso, baseado em sua religião, e prega o direito da maioria como se isso fosse democracia.

Presidenta Dilma Rousseff: Presidenta do Brasil, candidata a reeleição pelo Partido dos Trabalhadores, apesar de ultimamente ter criado abertura com a comunidade gay nas mídias sociais, fez pacto político com evangélicos para não apoiar iniciativas que promovam direitos a comunidade gay em troca de apoio em sua primeira eleição. Em seu governo retirou um projeto educacional do Ministério da Educação contra a homofobia nas escolas e afirmou que sua administração “não faz propaganda de orientações sexuais”. Em 2011, ela declarou: “O governo defende a educação e a luta contra a prática homofóbica. No entanto, no governo, não vai ser permitido a nenhum orgão do governo, fazer propaganda de opções sexuais”. A ministra Ideli Salvatti orquestrou a não aprovação do projeto de lei PLC 122, que criminalizaria a homofobia, ordem partida do Palácio do Planalto, em 2013. Suspeita-se que a ineficiência da pasta de Direitos Humanos no combate à homofobia, então com Maria do Rosário, e agora com Idelli, também tenha sido resultado da falta de vontade política do Planalto. O ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante sua gestão proibiu uma campanha de prevenção voltada aos homossexuais no Carnaval, em 2011. Depois, no ano passado, proibiu a veiculação da ação “Eu sou feliz sendo prostituta” que tinha como objetivo ajudar na conscientização e prevenção à Aids e outras DSTs. Durante a permanência do ministro houve ainda “um apagão”, como dizem os militantes, na prevenção a DSTs voltada aos homossexuais.  Por isso, somamos as indicações a estes quatro petistas, que resultaram no nome da chefe do executivo, ao nosso ver responsável por seu governo, em nossa lista.

 

Revista Lado A – https://revistaladoa.com.br/2014/05/noticias/veja-quem-sao-os-10-inimigos-publicos-dos-gays-em-2014

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa


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