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Aplicativos de paquera criam epidemia invisível na Ásia, diz ONU

Redação Lado A 03 de Dezembro, 2015 14h54m

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Uma pesquisa recente da ONU, organizada pela UNICEF, aponta a culpa dos smartphones no crescimento da incidência do HIV em adolescentes. Realizada com jovens de 10-19 anos na região da Ásia-Pacífico, o estudo que levou dois anos para ser concluído relaciona o uso de aplicativos de paquera com sexo casual e incidência do HIV em uma região com mais de 1.2 bilhão de pessoas nessa faixa etária. Segundo o estudo, apesar da infecção pelo vírus ter caído em todo o mundo, essa faixa etária ainda apresenta um crescimento exponencial desconhecido e a mudança de comportamento recente pode indicar a razão.
 
“Nós estamos convencidos de que há uma conexão e que precisamos trabalhar melhor com fornecedores de aplicativos para compartilhar informações sobre HIV e proteger a saúde de adolescentes”, disse Wing-Sie Cheng, consultor da UNICEF para o Leste da Ásia e Pacífico. Nas Filipinas, em quatro anos, dobrou o número de jovens infectados. Para a ONU, os aplicativos devem trazer mensagens de prevenção e testagem.
 
“A explosão de aplicativos de paquera gay para smartphones expandiu como nunca as opções para sexo espontâneo casual – usuários dos aplicativos móveis na mesma vizinhança podem se localizar e marcar um encontro sexual imediato com apenas alguns toques na tela”, diz o relatório da pesquisa que estudou o uso de aplicativos como Grindr e Tinder.
 
“Jovens homens gays nos afirmaram que agora estão usando aplicativos de paquera com frequência para encontros sexuais, e que estão tendo mais sexo casual em decorrência disso. Sabemos que esse tipo de comportamento de risco aumenta a disseminação do HIV”, afirma Cheng.
 
Na região, vivem mais de 15 milhões de pessoas infectadas pelo HIV, para muitos deles, para ter acesso a medicamentos, menores de 18 anos precisam da aprovação dos pais. Há ainda 18 países condenam as relações entre homens, o que faz com que muitos não procurem serviços de saúde, segundo a ONU. Além disso, DSTs se espalham em uma rede de contatos muito fechada, que faz com que as chances de se contrair uma doença aumentem e muito. Estima-se que 220 mil jovens vivam com o HIV na região mas apenas a metade deles recebe tratamento.
 
Em matéria do jornal The Guardian, da Inglaterra, um jovem de Manila diz que as vezes não usa camisinha pois o sexo é organizado de forma tão rápida que não é possível planejar e não se quer “perder o momento”. Ele é soropositivo, diz que contraiu o vírus em uma relação estável e que seu ex passou a chantageá-lo.
 
O Grindr, presente em 196 países e com 1 milhão de usuários por minute, respondeu ao The Guardian que o aplicativo é para maiores de 18 anos e que leva a sério a saúde sexual, e que envia alertas para que as pessoas se testem.
 
 
Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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