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HSH: “Banheirão” gay é tema de trabalho de Mestrado

Redação Lado A 08 de Janeiro, 2016 21h33m

A pegação entre homens em espaços públicos faz parte das relações urbanas em qualquer cidade, principalmente entre homens que fazem sexo com homens (HSH), homossexuais e bissexuais não assumidos. Seja em trilhas, bosques ou em banheiros públicos – o famoso “banheirão existe em qualquer cidade. A prática de sexo casual e pegação entre homens nestes espaços não é mais segredo e com a dissertação de Mestrado de Tedson da Silva Souza, pela Universidade Federal da Bahia, é jogada luz sobre este tabu conhecido da comunidade LGBTQ.
 
Em tempo, o trabalho “Fazer Banheirão: As dinâmicas das interações homoeróticas nos sanitários públicos da estação da Lapa e adjacências”, que é de 2012, traz uma perspectiva antropológica sobre a construção da sexualidade e a interação sexual nesses espaços, que são resignificados através da prática. Para isso, Tedson usa a Estação da Lapa, terminal de transporte de Salvador como ponto de partida. Ele coletou referências históricas e relatos de personagens que frequentam o local, seja para fazer o gang bang (sexo coletivo), ou para aliviar com apenas uma bronha. 
 
Homem negro, morador do Subúrbio Ferroviário de Salvador, Tedson é adepto e praticante do “banheirão” e, por isso, usou o método autoetnográfico para a sua pesquisa. O que quer dizer que ela foi construída não só através da percepção do outro, mas da participação do pesquisador no fenômeno analisado. Ou seja, Tedson relacionou a memória e a experiência pessoal com os depoimentos de outros homens que compartilham do mesmo desejo sexual. Bafo, né?
 
 
História
O livro Além do Carnaval, de James Green, também fruto de uma pesquisa antropológica histórica, aborda a história da homossexualidade masculina no século XX, no Brasil. Um dos capítulos do livro trata justamente sobre o fato desses espaços sempre existirem historicamente nos espaços urbanos como uma forma da construção sexual do homem homossexual. Ele traz como exemplo a praça Tiradentes, no período da Bella Epóque do Rio de Janeiro, assim como fala das matinês nos cinemas. 
 
Em Curitiba
Na capital paranaense, esses espaços já até ganharam chamadas em jornais locais. Quem não se lembra da dupla que foi flagrada fazendo sexo nas trilhas do Parque Barigui? Acontece que aquele não foi um caso esporádico. Os bosques do parque, entre as avenidas Manuel Ribas e Cândido Hartmann, atraem homens de toda a cidade que estão em busca de sexo fácil e em local público. 
 
Outros espaços famosos pelo mesmo motivo são o banheiro público da Praça Osório, o do Passeio Público e o do Shopping Curitiba, agora que o da praça Osvaldo Cruz está desativado para reforma, além de terminais de ônibus espalhados pela cidade. 

 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa


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