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A cura da Aids foi anunciada, verdade ou mito?

Redação Lado A 17 de Fevereiro, 2016 14h11m

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Na última semana, um portal de notícias brasileiro divulgou informações que, segundo o The Telegraph, pesquisadores dinamarqueses haviam encontrado uma forma de curar o HIV e só dependiam dos resultados dos testes em humanos para comprovar a eficácia da nova técnica, o que acontecia em meses. Mito ou verdade, fato é que, muitas vezes a cura da Aids já foi anunciada em pesquisas que faltavam informações ou seus resultados acabaram se mostrando insatisfatórios. A notícia que o site se referia, replicada em outras mídias, era de 2013, e apenas foi atualizada no site e gerou toda a confusão. 
 
A Lado A reuniu uma série de pesquisas realizadas que foram anunciadas como a próxima cura, mas acabaram ou num patamar de estagnação ou ainda estão sem fins conclusivos:
 
Cura egípcia
Médicos e engenheiros do exército egípcio anunciaram, segundo o jornal O Positivo, que um trabalho de longa data possibilitou a criação de duas máquinas, uma que identifica o vírus do HIV e outra que o elimina do organismo. Além dos equipamentos, novos medicamentos foram criados para auxiliar o processo de cura. Essa declaração foi dada no início de 2015, e a promessa era de que pessoas começariam o tratamento já em julho, este durando cerca de 6 meses. Até agora, não há registros de pessoas curadas do vírus pela técnica.
 
Biofármaco Norueguês
No final do ano passado, uma empresa farmacêutica da Noruega anunciou ter aplicado uma nova técnica em 17 pacientes e que ela teria reduzido consideravelmente a carga viral de pacientes com HIV. Tal técnica, muito parecida com a da notícia recente sobre a pesquisa dinamarquesa, consistia na ingestão de um medicamento chamado romidepsin, que ativaria o vírus e o faria sair da célula. Em seguida, a vacina Vacc-4x seria aplicada para aumentar a atividade imunológica e, assim, destruir os vírus. Ainda assim, nenhum paciente chegou à cura.
 
Pesquisa brasileira
O infectologista Ricardo Diaz, da Universidade Federal de São Paulo, lidera uma pesquisa com o princípio da intensificação dos antirretrovirais aplicados. As novidades são duas drogas, o dolutegravir e o maraviroque, que tem por objetivo tirar o vírus do seu estado de enclausuramento e, assim, destruí-lo. O pesquisador conta que outro problema é que o vírus também se aloja em regiões de difícil acesso para os remédios, como o cérebro, testículos e ovários. Para isso, seria preciso uma espécie de vacina especial. A pesquisa é única no mundo e só o Brasil tem permissão para fazê-la. Ainda assim sem cura anunciada.
 
Caso específico
Um paciente alemão soropositivo submetido a um transplante de medula óssea é o único caso da medicina reconhecido como cura. Após o transplante, o paciente eliminou o vírus de seu organismo, pois a medula recebida era de uma pessoa com imunidade ao vírus. Estima-se que 1% da população branca seja imune ao vírus por não possuir o receptor, chave, utilizado pelo HIV para entrar nas células.
 
Cura funcional
Já bastante utilizada nos EUA, o medicamento Truvada consegue reduzir a carga viral em até 96% e a torna indetectável. O Truvada também cria uma imunidade temporária de alta eficácia ao vírus e está sendo usada como forma de prevenção, se tomado diariamente por quem não é soropositivo. Estima-se que o medicamento é a principal esperança contra o vírus, tendo a Organização Mundial da Saúde indicado o seu uso como forma de tratamento e prevenção. O medicamento ainda não está disponível no Brasil.
 
Contagem regressiva
A ONG amfAR – American Foundation for Aids Research, começou uma contagem regressiva para a cura da Aids. A organização estipulou que até 2020 os parâmetros para o desenvolvimento de uma cura estejam definidos. Essa estimativa se deu baseando-se no em dois fatos: Timothy Brown, paciente de Berlim, foi o primeiro homem a ser curado do HIV em um processo complicado que não pode ser repetido em larga escala, por conta dos riscos, e um grupo de pacientes franceses que reduziram a força do vírus ao ponto de o próprio organismo conseguir combatê-lo. Esses dois fatos são as luzes para que a instituição, que serve como uma das principais fontes de pesquisa para a cura no mundo todo tenha essa expectativa. Portanto, a contagem regressiva é uma campanha robusta de investimento e financiamento de pesquisas em busca dessa cura. 
 
 
 
 
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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