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O efeito RuPaul e o crescimento da comunidade drag

Redação Lado A 16 de Março, 2016 23h10m

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Em 2009, um reality show desenvolvido e produzido pela Logo TV,  de propriedade da MTV, ganhou sua primeira temporada nos Estados Unidos, o RuPaul’s Drag Race. Comandado pela drag queen RuPaul, celebridade internacional, o programa busca encontrar a próxima Drag superstar no mesmo estilo do concurso America’s Next Top Model. Foram oito temporadas, uma edição do All Stars, com candidatas remanescentes, e o que já está sendo chamado de “efeito RuPaul” na comunidade LGBTQ: ser drag está na moda.
 
Em uma conversa recente com Dalvinha Brandão, drag que se apresenta na cena curitibana e carioca, falamos sobre os resultados aparentes que o reality provocou aqui no Brasil. Para ela, independente das polêmicas que envolvem a forma que o programa trata a transexualidade, um dos maiores feitos foi difundir a arte drag. Mais casas noturnas estão investindo em shows de drag queens, os cachês aumentaram para artistas que são diferentes e se destacam e a cena noturna floresce com uma variedade de jovens que se divertem com o transformismo. 
 
Em Curitiba, por exemplo, antes do boom do seriado, apenas casas tradicionais, como a Cats Club, a extinta Manhattan e o Side Caffe, contavam com drag queens ocupando papeis de hostess e entertainer. Agora, diversas outras baladas trazem shows das queens, como Soviet, Simão, além das festas Don’t Fuck it Up e Glamazon. E não é só nas casas noturnas que elas estão conquistando espaço, os centros de comédia estão explorando esse mercado cada vez mais. Temos dois grandes expoentes drags nesse universo: Silvetty Montilla e Nany People, as embaixadoras da comédia brasileira.
 
Foi logo depois de RuPaul’s Drag Race que o Brasil deu mais atenção ao fenômeno do transformismo. Surgiu o Drag-se, com a pretensão de trazer um documentário sobre algumas queens da nova geração drag do Rio de Janeiro. Mas o projeto fez tanto sucesso que virou um canal do Youtube com diversos quadros, desde tutorial de make, mini perfis, até performances babadeiras.
 
Na mesma época, dois realities brasileiros conquistaram os telespectadores LGBTQs: Glitter e Academia de Drags. Ambos renderam muitos memes e bordões que já são parte do vocabulário de gays, drags, lésbicas, trans e travestis.
 
Contras
Mas nem tudo são flores cheirosas. Como fica o valor artístico? Uma das principais críticas de drag queens que já estão há mais tempo no mercado é que ele está ficando mais saturado com artistas que 1- não conhecem a história do movimento drag e 2- acham que drag é maquiagem, look, peruca e dublar músicas. Dessa forma, os cachês cobrados não são tão altos, assim como a qualidade dos shows não conta com tanto valor artístico. Afinal, fazer drag é ser uma intervenção artística performática. 
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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