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Duas grandes empresas se unem para avaliar a homofobia no Brasil e os dados são super interessantes

Redação Lado A 07 de Julho, 2016 14h03m

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O que é a homofobia? Seria toda transmissão ou manifestação de preconceito, mesmo na forma velada, ou dissimulada, quando se quer pautar o direito do outro ou como o outro deve se portar,ou emitir opinião que diminua o outro, uma vez que deveriam ter defendidas a premissas de direito de igualdade e dignidade de todo ser humano. Esta é a nossa opinião. Mas e os internautas? Eles se acham homofóbicos ou consideram o Brasil um país homofóbico?
 
A Opinion Box, empresa de pesquisa via plataforma digital, em parceria com a Hekima, empresa de Big Data Analytics, lançou esta semana os resutlados de uma abrangente pesquisa com o tema “Homofobia”. E os resultados são interessantes. Entre os entrevistados, 70% não se consideram homofóbicos, mas 70% consideram o Brasil um país homofóbico. Isso significa que grande parte dos participantes do estudo aponta outras pessoas como parte da questão, mas não se incluem nela. 
 
Foram duas análises: uma pesquisa, feita pelo Opinion Box, com 1.433 internautas de ambos os sexos, todas as classes sociais e regiões do país; E um monitoramento realizado nas principais redes sociais, com 53.099 posts, que foram analisados pela equipe da Hekima por fazerem menção a termos como: homofobia, homofóbico, lesbofobia, lesbofóbico, lgbtfobia, lgbtfóbico, transfobia e transfóbico, além de homossexualidade, homossexualismo, homoafetivos, homoafetividade e homossexual. Porém, termos como bicha, sapatão, gay e outros com conotação negativa não foram considerados na coleta de dados em redes sociais.
 
“Nosso entendimento é de que parte desses 70% não percebem que suas atitudes e comentários são homofóbicos porque não compreendem o conceito de homofobia, ou seja, que qualquer tipo de discriminação é considerado homofobia”, avalia Felipe Schepers, COO do Opinion Box.
 
Na pesquisa, 14% das pessoas afirmam ser homofóbicas ou extremamente homofóbicas. No entanto, ao analisar os posts em redes sociais que utilizaram as palavras monitoradas, destes, apenas 49% desses foram homofóbico de fato nas redes sociais. Ou seja, há muitos homofóbico que não se manifestam, mas a metade não consegue guardar a sua opinião para si.
 
Na avaliação dos posts, ficou claro que o desconforto é um gatilho para o comportamento se tornar menos tolerante. No Paraná, houve um caso de professor de cursinho pré-vestibular que deu  aulas vestido de drag queen para chamar atenção para o Dia Internacional de Combate à Homofobia, comemorado no dia 17 de maio. Mais de 90% dos comentários, na ocasião, condenavam a atitude. Os argumentos mais comuns remetiam à necessidade de “a escola se ater aos conteúdos e matérias obrigatórios” e também à Bíblia, que segundo usuários, condena a homossexualidade.

Professor gay

Sobre ter um professor do filho que seja homossexual, perguntado na pesquisa, 14% afirmaram que não ficariam nada confortáveis ou se sentiriam desconfortáveis; 23% mencionaram que seriam indiferentes e 64% disseram que se sentiriam confortáveis ou totalmente confortáveis se o filho tivesse um professor gay. “É interessante esse cruzamento de informações. Entendemos que a diferença entre os dois estudos se deve às características básicas de cada um: o questionário faz o respondente refletir sobre o assunto, o que aumenta a probabilidade de as pessoas darem respostas socialmente desejáveis, mas que vão de encontro às suas reais opiniões, enquanto as redes sociais se caracterizam por ser um ambiente em que a espontaneidade prevalece. Os estudos, portanto, se complementam e confirmam que o Brasil é um país em que parte significativa da população é homofóbica”, afirma Schepers.

Tolerância

A pesquisa aponta ainda que mulheres e jovens tendem a ser mais tolerantes que homens e pessoas mais velhas em relação à homossexualidade. Nas redes sociais essa tendência se confirma: cerca de 55% das mulheres fizeram comentários não-homofóbicos nas redes sociais, enquanto 40% dos homens seguiram esse comportamento. Também se observa nas redes sociais que quanto mais jovens, menor é a incidência de comportamento homofóbico.

Criminalização

A pesquisa do Opinion Box também questionou os entrevistados quanto à criminalização da homofobia: 59% das pessoas acham que deveria ser crime; 28% acham que não e 11% não souberam se posicionar. A adoção de crianças por casais homossexuais é aceita por 60% dos respondentes, enquanto 31% entendem que isso não deve acontecer e 9% não souberam se posicionar.
 
De acordo com o Relatório de Violência Homofóbica, publicado em fevereiro deste ano, ao menos cinco casos de violência homofóbica são registrados todos os dias no Brasil. Diante dessa informação, 69% dos participantes da pesquisa disseram achar a violência homofóbica um absurdo e inadmissível. Para 29%, é preciso entender o contexto em que esses crimes aconteceram para poder opinar. E para 2% provavelmente todos eles mereceram.

Opiniões

Depois, os entrevistados tiveram que avaliar algumas colocações. Ao se depararem com a afirmação: “O brasileiro vem se tornando menos homofóbico nos últimos anos“, 34% das pessoas discordaram ou discordam totalmente; 42% são indiferentes e 24% concordaram ou concordam totalmente. Diante da frase: “A homossexualidade não é uma coisa natural e deve ser combatida”, 63% disseram discordar ou discordam totalmente; 18% são indiferentes e 19% concordam ou concordam totalmente. No caso da afirmação: “Só é família a união entre homem e mulher”, 53% discordam ou discordam totalmente; 13% são indiferentes e 33% concordam ou concordam totalmente. E diante da frase “TV não deveria exibir beijos gays e casais homoafetivos”, 43% discordam ou discordam totalmente, 18% são indiferentes e 39% concordam ou concordam totalmente.

Filho gay

Por fim, os entrevistados foram convidados a se colocar na situação hipotética de ter o filho ou filha revelando ser homossexual e a refletir sobre qual seria a reação de cada um: 44% tentariam encontrar uma forma de ajudar e, se não fosse possível, fariam de tudo para aceitar; 41% seriam totalmente naturais e não mudariam nada na relação com o filho (a); 10% iriam buscar ajuda médica e/ou espiritual até conseguir trazer o filho(a) de volta; 3% mencionaram que seria muito difícil aceitar e provavelmente iriam romper relações com ele/ela; e 2% disseram que seria o fim de suas vidas.
 
 A margem de erro da pesquisa é de 2,6% e o intervalo de confiança é de 95%.

Confira os gráficos da pesquisa:

 

Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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