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Não estamos mais seguros na noite: relatos de quem teve a diversão interrompida

Redação Lado A 21 de Julho, 2016 13h36m

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A noite sempre foi um reduto da cultura LGBT em Curitiba e é assim em todas as cidades. É onde a comunidade se encontra para viver livremente. Mas o número de relatos sobre assaltos e violência lgbtfóbica na madrugada curitibana após a saída das baladas aumentou consideravelmente nas redes sociais. Os motivos e as formas são diversas, mas dois fatores são comuns: a região central de Curitiba, principalmente a Praça Osório, e a falta de policiamento nas ruas do Centro durante a madrugada. Nos últimos 120 dias, 206 crimes de assaltos foram registrados em boletins de ocorrência em Curitiba, em 55% dos casos à noite, e no Centro de Curitiba, segundo o site Onde Fui Roubado.
 
Atualmente, Curitiba é a 6ª cidade do país com mais registros de crimes do gênero. As mulheres e LGBTs aparentam ser vítimas preferenciais, seja por supostamente reagirem menos ou por motivação homofóbica. Aguinoel Barbosa, 22, conta que já foi assaltado três vezes quando estava chegando ou saindo da balada. “Fui assaltado duas vezes na rua do Simão e outra na saída do Peppers, que foi motivado por homofobia, porque antes do assalto, eu ouvia xingamentos, como ‘viado’”, explica.
 
Para ele, a falta de policiais fazendo ronda perto das saídas da balada são o principal motivo para ladrões agirem livremente contra a população queer, que, segundo ele, é um alvo preferencial: “É engraçado isso porque de fato sempre somos vítimas preferências. Quem nunca esteve andando com um amigo gay e ao ver duas pessoas no meio da madrugada comenta para andar mais ‘mano’ e chamar menos atenção?”.
 
Rodrigo Mazurk, 20, é outra vítima da madrugada. Cerca das 5 horas da manhã, passava pela Praça Osório para pegar um ônibus na Rui Barbosa. Ele conta que já estava um pouco alterado depois de passar a noite curtindo na Verdant. Foi interrompido por um homem bem vestido que começou a fazer algumas perguntas. Em seguida, o homem tirou um canivete e pediu o seu celular. Ambos entraram em uma briga que terminou com Rodrigo fugindo. 
 
História bem parecida com a de Felipe Oliveira, 19, que passava pela Osório quase no mesmo horário depois de sair do Side Café. Ele e sua amiga drag queen, Thalytha Stresser, foram abordados por um cara que pediu os celulares e informou estar armado. Ele acredita que os alvos são LGBTs alcolizados. “Ele correu eufórico quando falamos que tinham várias gays saindo da Side bêbadas. Muitos saem da balada drogados ou bêbados e acabam facilitando o trabalho para os assaltantes”, opina. 

Muitos esperam a balada acabar, amanhecer, para pegar os primeiros ônibus do dia e ainda assim estão sofrendo assaltos e violências.

 
Segurança
Algumas casas noturas solicitam que seus seguranças fiquem de olho na região da balada para que seus clientes possam sair em segurança. O número de assalto a grupos é consideravelmente menor do que os roubos contra pessoas que estão sozinhas. Segundo o site Onde Fui Roubado, foram apenas 208 casos do primeiro, contra mais de mil do segundo. Portanto, sair em uma galera da balada é uma alternativa para se manter protegido durante a madrugada curitibana. Quanto ao policiamento, a alternativa apresentada pelos órgãos oficiais é de fazer a solicitação através do 156 para que a prefeitura possa aprimorar o policiamento na região central. E denuncie, sempre. Registrando a ocorrência policial e ainda em sites e redes sociais.
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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