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O culto ao pênis e a auto estima masculina

Redação Lado A 30 de Agosto, 2016 13h13m

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O tamanho do pênis sempre foi uma preocupação do homem. A questão é imposta a uma pessoa do sexo masculino desde criança, onde ter um órgão genital pequeno é sinônimo de vergonha e baixa estima, enquanto os dotados são venerados e cultuados. Isso acontece porque o tamanho do pênis também influencia na masculinidade do cara e, nas sociedades falocêntricas, fazem parte das relações de poder. Exemplos são os filmes pornográficos heterossexuais e homossexuais, os aplicativos de pegação e relacionamento e até mesmo as publicações de caráter erótico.  
 
Historicamente, essa relação do homem com o “pinto” pode ter nascido na Índia, com a religião hinduísta, onde há a prática do Brahman de adorar o pênis do deus supremo Shiva. Entretanto, povos Maias e Astecas também faziam cerimônias ao pênis para garantir fertilidade e procriação saudável. Ou seja, de início, a relação era religiosa e de forte aspecto místico.
 
Entretanto, as civilizações ocidentais se apropriaram da cultura de forma a vulgarizá-la. No Japão, na cidade de Kawasaki, há um festival de culto ao pênis que acontece há 40 anos. O principal evento é o desfile com estátuas gigantes de pênis, cujo objetivo é pedir por fertilidade, mas também, arrecadar fundos para lutar contra DSTs, mais recentemente. Tudo começou com um grupo de prostitutas que rezavam para um pênis de aço pedindo por clientes e por proteção contra doenças venéreas. 
 
Ainda nessa exposição, é preciso entender o conceito do falocentrismo: em tese, seria a exaltação machista impositiva, que atua a privilegiar uma grupo sexual, marcado por uma masculinidade – aqui mensurada pelo tamanho do falo – que se impõe desde o período Paleolítico. O fato de se vincular o sêmen à ideia de semente e fertilidade é outra característica do falocentrismo.
 
Cultura 
O senso comum afirma que asiáticos tem pintos pequenos e negros tem pintos grandes. Esse é mais um estigma social que persegue as pessoas dessas etnias. Essa cultura causa problemas psicológicos de auto e baixa estima que acabam se tornando casos para tratamentos terapêuticos. Para combater esse estigma social é um necessário um processo de desconstrução que parte do pessoal e vai para o comunitário.
 
Além do tamanho, a potência do pênis, ou seu estado de ereção é outra preocupação constante na sociedade moderna. Mais um resquício do culto à fertilidade, soma-se ao machismo atual a idéia de que o pênis, além de grande, deve estar sempre pronto, criando preocupações e ansiedade quanto a sua potência. Como se sabe, a potência e fertilidade do homem é maior entre os 20 e 40 anos, trazendo consigo a juventude como sinônimo de ideal de potência, fechando assim o estereótipo ideal do homem jovem, bem dotado e pronto para o sexo.
E dentro da cultura gay isso aparece de forma exacerbada, a hipervalorização do tamanho do pênis e do homem ativo chegam a ganhar traços de preconceito, reproduzindo o estereótipo e o machismo presente em toda a sociiedade. 
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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