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Depois de 6 anos, Alexandre Ivo vira nome de rua em São Gonçalo

Redação Lado A 01 de Agosto, 2016 18h38m

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O Diário Oficial do município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, trouxe uma notícia emocionante no dia 26 de junho: a aprovação do projeto de lei 213/2015 que prevê a nomeação de uma rua na região do Laranjal em homenagem ao jovem de 14 anos, Alexandre Thomé Ivo Rajão, vítima de um dos maiores casos de homofobia do Brasil. O caso gerou uma campanha nacional contra a homofobia, protagonizada pela mãe de Alexandre.
 
O projeto de lei, do vereador Jorge Mariola, sancionado na semana passada, aponta a mudança de nome da Rua Três para Rua Menino Alexandre Thomé Ivo Rajão, em lembrança ao garoto que foi torturado e morto por um grupo de jovens por motivo de homofobia. A mãe, Angélica Ivo, foi persistente ao afirmar que se sente emocionada pela homenagem, que não deixará o caso se esquecer na história e nos números. Entretanto, esse projeto de lei não está nem perto de resolver o problema da homofobia dentro do país. “Há seis anos, eu não tinha conhecimento do que era a homofobia e a complexidade deste tema. Queríamos mais que um nome de rua e ficamos na expectativa de que o poder público municipal trabalhe mais as carências dos jovens no município”, disse em entrevista ao portal Gay 1.
 
O caso
No dia 21 de junho de 2010, Alexandre Ivo, morador de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, foi a uma festa com amigos. No local, uma confusão causou uma briga na qual o jovem não estava envolvido, mas dois de seus amigos, que eram gays, sim. Os três saíram do local e foram ao pronto-socorro, onde Alexandre fez companhia para os dois amigos machucados. Enquanto esperava o ônibus para ir embora, foi sequestrado, espancado, torturado e morto por estrangulamento, como aponta o laudo do Instituto Médico Legal. 
 
O corpo foi achado apenas no dia seguinte, em um terreno baldio, ainda com marcas de pedradas na cabeça. Os suspeitos do crime são Alan Siqueira Freitas, Eric Boa Hora Bedruim e André Luiz Cruz Souza. Durante a investigação, o delegado Gerald Assed, do 72º DP de Homicídios de São Gonçalo chegou a afirmar que os envolvidos eram de um grupo de skinheads e que a motivação do crime era por intolerância. Eles chegaram a ficar presos por 30 dias, mas logo foram liberados por habeas corpus, falta de provas conclusivas e falhas na investigação, mesmo esta apontando ligação dos criminosos em 13, das 15 evidências coletadas. 
 
Por falta de leis que tipifiquem os crimes de ódios e os agravantes, a morte de Alexandre Ivo continua impune, com o processo se arrastando por cerca de seis anos. Angélica Ivo é uma das maiores vozes na luta pela criação de leis contra a discriminação, a lgbtfobia e a violência por intolerância. 
 
Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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