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Anunciada a versão gay 2017, disponível em um aplicativo perto de você

Redação Lado A 01 de Dezembro, 2016 11h55m

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Há alguns anos fizemos uma brincadeira, juntando estereótipos de cada geração para descrever como era a “evolução” dos gays da Antiguidade e das últimas décadas. Mas foi preciso atualizar o último “modelo de gay”, pois as novas gerações estão agindo e se comportando de maneira nova. Lembramos que é um texto de humor. Para acompanhar o texto anterior, “Lançamento do modelo Gay 2009 – em uma boate perto de você”, clique aqui.
 
Modelo gay 2017 – sem rótulos
 
Ser gay agora não te define mais, você pode optar por ser quem você quiser, mas alguns acessórios ainda vêm de série. Você pode ser até hétero e usar vocabulário gay, mas depois da grande visibilidade do último modelo foi preciso reinventar. O modelo 2017 é andrógino de dentro para fora, discute gênero sem medo. Tudo isso se reflete em uma gama de possibilidades mas vamos analisar para garantir a identidade deste sucesso que agora vem com as expressões “tô passada”, “tanto faz” e “lacrou” mas a atualização é agora automática.
 
O novo modelo gay não é mais tão sexual, agora, o sexo é combinado por meio do dispositivo celular que serve ainda para autopromoção, pois tira fotos e as posta na hora, por isso a obsessão pelo corpo virou a busca por “amigos” agora denominados seguidores. Sexo tanto faz, como dito, ser gay ou sarado não te definem mais. Não importa mais quem dormiu com quem. E ele vem com espaço para todo e qualquer tipo de aplicativo. O GPS da versão anterior também já era, mensagens são enviadas exclusivamente por aplicativos. Todo bafão agora é virtual. Tudo está facilitado na nova versão, totalmente digital e plug and play para qualquer tipo de linguagem ou plataforma. 
 
O modelo 2017 percebeu finalmente que o mundo gira e que não vale a pena perder tempo e se estressar demais, por isso, os detectores começaram a ficar obsoletos e foram retirados. Ele tem a capacidade de economizar bateria automaticamente. Dia ou noite, rico ou pobre, gordo ou malhado, tanto faz. Ele não julga mais tanto o outro. O gaydar caiu em desuso: O mundo é gay! O equilíbrio ainda não foi alcançado com perfeição, mas pesquisas apontam que o fabricante está quase chegado lá.
 
Vem com versões 4G embora a tecnologia perca infinitamente para o WiFi, que agora tem maior alcance. As expressões faciais de “tanto faz” e “estou nem aí” vem de fábrica mas podem ser adquiridos outros acessórios para complementar, especialmente para postar fotos nas redes sociais, embora a maioria ainda poste a mesma cara sempre. 
 
O Orkut ficou totalmente obsoleto e saiu de linha, sendo substituído por milhares de aplicativos que ocupam boa parte do tempo do novo modelo, que teve a retina adaptada e não tem mais dores de cabeça por uso excessivo do celular e pode passar o dia inteiro submerso no mundo virtual, onde as coisas acontecem agora. O modelo ganhou em autonomia, e os guetos viraram ambientes secundários. Se antes faziam beijaços, agora é um vomitaço virtual de protesto, com participação dos amigos hétero. 
 
As técnicas de camuflagem são perfeitas e ele pode até chorar quando mente, ou faz a cara de tanto faz, usada a qualquer hora. O instinto de auto preservação é o mais apurado de todas as versões, embora o ambiente (real) esteja menos perigoso. Um chip de bloqueio de opinião e “melhor não opinar para não me queimar” foi colocado no novo produto, uma vez que foi verificado que ter opiniões fortes pode desestruturar tanto o ambiente virtual quanto o físico.
 
A grande novidade do modelo 2017 é o botão de pânico e de desligamento de emergência. Seja em um open bar – o novo modelo vem com porta-copos – ou em uma crise de ciúmes, o modelo controla a situação automaticamente, com bem menos dramas. Ele é capaz de ignorar quando é provocado e ativar a cara de paisagem em milésimos de segundo. Foi corrigido o defeito de comportamento explosivo com sucesso. Ele é totalmente mais flexível, inteligente e adaptável.

O gay 2017 é incrível. Uma crítica: quando ele diz “tanto faz” nem sempre está claro o uso desta expressão, pois basta você sugerir opções e ele responde sim ou não. Há claramente um descuido na objetividade, sendo que nas versões anteriores ele responderia “se você quiser, vamos”, parecia mais amistoso. Há um ganho, ou não, de perda de personalidade ou sensibilidade, dependendo do ponto de vista.

 
O novo modelo tem venda exclusiva online, no aplicativo da marca. E, claro, não aceita mais cheques, jamais.
 
Foto: Bailarino do grupo Kazaky
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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