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Nosso coração está sangrando pela morte do adolescente gay Itaberlly

Redação Lado A 12 de Janeiro, 2017 20h52m

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Mãe matou o próprio filho e o padrasto queimou seu corpo em um canavial. Não é roteiro de um filme de terror, é a morte trágica do adolescente gay Itaberlly Lozano, apenas de 17 anos, de Cravinhos, interior de São Paulo, próximo a Ribeirão Preto. 
 
O crime teria ocorrido no dia 29 de dezembro, mas o corpo foi encontrado apenas dias depois, após a avó denunciar o desaparecimento do neto. A mãe, se é que a podemos chamar assim, Tatiana Lozano, 32, confessou o crime mas alega que agiu em legítima defesa pois o filho teria ameaçado a família e seria usuário de drogas. No Natal, ironicamente, Itaberlly postou nas redes sociais: “Família em primeiro lugar”. Ainda segundo a assassina, o esposo teria ocultado o cadáver mas não participou do assassinato. O corpo do jovem foi encontrado carbonizado em um canavial, no último dia 7, uma pulseira ajudou na sua identificação. O padrasto e a mãe foram presos nesta quarta-feira.
 
Quando a mãe não quis prestar queixa do desaparecimento do próprio filho, os parentes começaram a desconfiar do pior. “Ele era um rapaz que trabalhava, era educado, era um menino, mas estava na fase de trabalhador”, disse o tio paterno Dario Rosa que afirmou ainda que a mãe não aceitava o próprio filho. Nas redes sociais, Itaberlly já havia demonstrado que não era feliz em casa e que o tratamento que recebia da família era opressor.
 
O jovem estava morando com a avó paterna há alguns dias, quando chamado pela mãe na noite em que desapareceu. Posteriormente, avó recebeu da mãe a informação de que ele estaria morando com um amigo, quando desconfiou do desaparecimento do rapaz, prestou queixa para a polícia. Após presa, Tatiana não demonstrou remorso, se defendeu dizendo que apenas se defendeu e disse que o jovem quem a ameaçou com a faca.
 
Não apenas mais um crime de intolerância, acima de tudo, um crime que exemplifica como a religião, que deveria ensinar o amor, acaba por fazer uma mãe não aceitar o próprio filho. Pois os argumentos dos pais que não aceitam seus filhos são os mesmos que defendem a família tradicional, que Deus fez o homem para a mulher, que é pecado, galgados em ensinamentos excludentes e que não admitem o diferente. 
 
Nosso coração chora com o morte de um rapaz cheio de vida, inteligente, que só queria o amor de sua mãe. É fácil ver como eles eram parecidos fisicamente. No lugar disso, da aceitação que ele buscava desesperadamente, Itaberlly recebeu uma facada mortal no pescoço.
 
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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