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Precisamos combater o racismo na comunidade LGBT

Redação Lado A 21 de Março, 2017 22h59m

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No dia 21 de março, o mundo se volta para o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, institucionalizado pela ONU em memória ao Massacre de Shaperville, onde 69 negros foram mortos, e outros 186 ficaram feridos, quando o exército sul-africano atirou na multidão que protestava contra a lei do passe em Joanesburgo em 1960. No Brasil, 63 é o número de jovens negros assassinados por dia, segundo CPI do Senado. Aqui, vivemos um Massacre de Shaperville todos os dias.
 
Dentro do meio gay e da comunidade LGBT, o racismo é uma realidade que está presente nas questões mínimas: achar que o homem negro não pode ser afeminado, ou estereotipar a preferência sexual e o dote, nas mulheres os seios e as ancas, ou até mesmo ao dizer “não curto negros e orientais”. Você reduzir uma pessoa pela cor da pele ou etnia não é questão de gosto, é racismo e xenofobia.
 
A construção social do racismo pressupõe que quanto mais clara a sua cor de pele, mais bonita a pessoa é, mais inteligente ela é e mais bem sucedida também. Há diversos relatos de gays negros que foram perseguidos por seguranças em casas noturnas, ou de baixas policiais em grupos, onde os principais alvos eram os homens negros. Além da homofobia, o homem negro tem que conviver com o racismo cotidiano, quando as pessoas atravessam a rua para não serem “assaltadas”, e o racismo dentro da comunidade LGBT, quando o assunto é preferência física. 
 
Aqui vão alguns dados: 65% dos policiais afirmam que homens negros são preferências em suas abordagens, segundo a Pesquisa Filtragem Racial. 71% dos mortos por homicídio em 2011 foram jovens negros. Você acha que isso é diferente na comunidade LGBT? Não é, apenas não há números para comprovar, mas a experiência tá aí para não dizer que é mentira.
 
Quando você olha para um homem ou uma mulher, você enxerga a beleza através do ser humano extraordinário que ele é, ou você repara na aparência? Você pensa se o nariz e os lábios são muito grandes, ou se o cabelo é muito crespo, os olhos muito negros, a pele muito escura? Isso é racismo. Ninguém se autodeclara racista, mas as pessoas escondem isso em piadas sobre a cor, sobre a situação social, sobre o tipo do cabelo. Hoje é o dia para se refletir sobre isso e minimizar os seus preconceitos internos. 

 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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