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Campos de concentração para gays na Chechênia ainda torturam e matam

Redação Lado A 12 de Setembro, 2017 23h14m

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Desde março de 2017 a ong Russia LGBT Network está denunciando casos de intolerância contra homossexuais na Chechênia. De acordo com a organização pelos direitos LGBT’s, o país incita que as famílias matem seus membros homossexuais em nome da honra da pátria. A censura e controle estão cada vez mais fortes dentro do país. Existem depoimentos de pessoas que, ao se encaixarem na menor suspeita, são torturadas e até mortas. Segundo alguns sobreviventes, os policiais prendem qualquer pessoa que lhes pareça homossexual com a justificativa de que estão fazendo controle sobre drogas. As pessoas são levadas para locais isolados, onde ficam durante semanas sofrendo os piores tipos de tortura. Os policiais ainda ordenam que os capturados os levem até outros homossexuais, investigam celulares e e-mails para atrair outras pessoas gays.
 
“Pessoas diferentes entravam e se revezavam em turnos para nos espancar. Algumas vezes, traziam outros presos, a quem diziam que éramos gays e ordenavam que eles também nos batessem”, denunciou um sobrevivente ao jornal The Guardian. Segundo ele, a polícia usou o celular de um outro capturado para marcar uma reunião com ele. Ao chegar no local combinado, o rapaz foi surpreendido pela polícia que o levou a um local secreto para começar as torturas. “Nos chamavam de animais, diziam que não éramos humanos e que íamos morrer ali.”, dizia a polícia, conforme relata o rapaz.
 
A Chechênia é majoritariamente islâmica, possui um forte conservadorismo e sua homofobia atinge picos de extrema violência, pois consideram a homossexualidade um atentado à honra, que deve ser lavada com sangue. As próprias famílias assassinam seus membros homossexuais sem a solicitação do Estado, pois ter um homossexual na família é considerado uma vergonha extrema. “Seu filho é uma bicha. Façam o que têm que fazer com ele.”, dizem as autoridades ao devolverem os presos às suas famílias. Para garantir o extermínio, as famílias eram obrigadas a matar os homossexuais, caso alguma família tenha piedade, o que é raro.

Ativistas LGBT, não apenas russos, estão fazendo campanhas na internet para ajudar os sobreviventes e libertar os presos. Aqueles que conseguem se exilar, correm o risco de serem perseguidos mesmo estando fora da Chechênia. Os campos de concetração onde os LGBT são torturados, ficam em locais exilados e muitas vezes são secretos, o que dificulta o trabalho dos ativistas para localizar focos de presos.

A Chechênia por si só é um território isolado e montanhoso, uma região independente em que o cenário político e religioso anula o trabalho das ongs LGBT’s. Alvi Karimov, porta-voz do governo da Chechênia, nega as acusações sob o argumento de que “não existem homossexuais” naquela república. “Você não pode prender ou reprimir pessoas que simplesmente não existem na república. Se essas pessoas existissem na Chechênia, a polícia não teria que se preocupar com elas, porque seus próprios parentes teriam mandado elas para onde nunca mais poderiam retornar”, declarou. 

As organizações em defesa aos LGBT’s, pediram satisfações ao governo russo que por sua vez disse desconhecer as acusações denunciadas pelas mídias independentes. Um porta-voz do líder russo Vladimir Putin, solicitou que as denúncias sejam feitas às autoridades da Chechênia, o que, obviamente, não surtiria efeito. Putin é muito próximo politicamente de  Ramzan Kadyrov, líder da Chechênia. Embora seja muito reclamado por seu conservadorismo, Ramzam teve apoio de Putin em troca de regalias políticas. 

Na internet, é possível doar para o ong Russia LGBT Network que angaria fundos para salvar os homossexuais em perigo. Basta clicar aqui e fazer uma doação. No site constam todas as informações a respeito dos resgates. 

 
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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