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Por que as obras religiosas podem ofender e incitar a violência e as obras de arte não?

Redação Lado A 17 de Setembro, 2017 18h43m

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Na última semana, a exposição Queermuseum realizada pelo Santander Cultural de Porto Alegre, foi alvo de grandes críticas, sobre o conteúdo da exposição. A confusão de cancelamento da exposição pode ser conferido aqui. 
 
Conservadores alegam que a exposição faz apologia à pedofilia e zoofilia, e algumas surgiram do Movimento Brasil Livre (MBL), que esteve atuante neste debate. O MBL é uma entidade sem fins lucrativos, que alega mobilizar cidadãos em favor de uma sociedade mais livre, justa e próspera, que diz defender a Democracia, a República, a Liberdade de Expressão e de Imprensa, o Livre Mercado, a Redução do Estado e Redução da Burocracia. 
 
Mas qual método foi utilizado para classificar estas obras? Um conceito geral sobre a cultura e a arte ou uma ideologia particular, partidária e religiosa? Contudo este não é o primeiro caso, que ocorre uma comoção pelo conteúdo, diversos artistas já foram criticados e perseguidos por suas formas de expressão.  
 
Podemos listar algumas obras famosas, que geraram muita polemica e que não passaria pela censura desse povo, mas vamos nos ater a obra protegida pela liberdade de culto, a Bíblia, o que ela diz que pode ser considerado como incitação ou influência nociva para crianças. Se fosse seguir este viés, então a Bíblia de igual formar deveria ser censurada. Você leitor pode questionar, mas como assim? Usar a Bíblia de exemplo? Mas porque isso? 
 
Simples, ao tratar da exposição Paula Cassol, Coordenadora do MBL, declarou sobre a exposição do Santander, que no Brasil as pessoas têm liberdade de expressão, mas isso não quer dizer que você possa produzir conteúdo pornográfico pedófilo e dar acesso a isso para crianças. Se formos analisar a fundo, pesquisadores declaram que Maria, 14 anos, foi dada em casamento a José. Na época, assim como até pouco tempo, as moças casavam virgem e com pouca idade. Nos tempos, atuais a pedofilia é classificada como a perversão que leva um indivíduo adulto a se sentir sexualmente atraído por criança, ato este punido com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e do Código Penal.  
 
Ocorre de igual forma na Bíblia, casos de violência e morte, que podemos tomar como exemplo Abel que matou seu irmão Cain por ciúmes ou até mesmo a cidade de Sodoma que foi consumida por fogo e enxofre e causou a morte de milhares de pessoas, para limpar de seus pecados – por não dividir a sua riqueza e tratar mal os visitantes, apesar de algumas versões trazerem que foi por conta da homossexualidade. No antigo testamento há a passagem: “En­tão todos os homens da cidade o apedrejarão até a morte. Eliminem o mal do meio de vocês”, diz o livro Deuteronômio, capítulo 21, sobre um filho rebelde.   

Assim, vale refletir, um pouco. A Bíblia é de acesso universal e está presente na maioria dos lares brasileiros e há indício de pedofilia, violência, ordens para matar outras pessoas, apoio à escravidão, homofobia, machismo, vingança do tipo “olho por olho, dente por dente”… e as crianças tem livre acesso a este livro e com a influência dos pais. “

 
Este simples comparativo, não é feito para ferir o ideal e convicção de ninguém, mas sim para conscientizar as pessoas que não é uma exposição que irá influenciar as crianças, mas a base que elas têm, o convívio com as pessoas, familiares e a educação que recebem.  
 
É simples: se algo lhe causa algum incomodo, não frequente o local e se tiver curiosidade não leve seus filhos, mas apontar que tal coisa é errado apenas porque não concorda não é correto.  
 
Então vamos respeitar, todas as formas de artes. O respeito é tão importante para integração e convívio de todos. É triste quando uma entidade que deveria apoiar a forma de expressão é aquela que critica, por não fazer parte de seu ideal. Convenhamos, direitos iguais a todos indiferentemente de suas preferências, gostos e convicções particulares – principalmente nas artes.  

 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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