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10 assassinatos homotransfóbicos emblemáticos ocorridos no Brasil

Redação Lado A 05 de Outubro, 2017 15h25m

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Você sabia que já morreram 300 pessoas LGBT no Brasil somente em 2017? Isso equivale a mais de uma morte por dia! Esse dado é do blog Homofobia Mata, alimentado diariamente pela Organização Não Governamental (ONG) Grupo Gay Bahia através de notícias sobre mortes de LGBT. Os estados com os maiores índices são São Paulo (39 mortes), Minas Gerais (33 mortes) e Bahia (29 mortes). A região Sul tem 32 mortes até hoje, sendo 18 delas no estado do Paraná, e 9 e 5 mortes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, respectivamente.
 
Hoje, nós da Lado A trouxemos os casos mais marcantes de assassinatos homotransfóbicos já acontecidos no Brasil para não esquecermos que nossa luta continua, e em muitas casos não é nem uma luta por direitos, é apenas uma luta para sobreviver. É bem provável que se não existisse o preconceito estas pessoas teriam vivido por muito mais tempo!
 
1 – Índio Tibira (1614)
O caso do índio Tibira seria o primeiro crime homofóbico registrado na história do Brasil. Tibira, da tribo dos tupinambás, foi condenado por ser homossexual pelo capuchinho francês Yves d’Evreux no Maranhão. Seu corpo foi colocado em um canhão e estraçalhado.
 
 2 – Edson Neris (2000)
Edson, um adestrador de cães, estava andando de mãos dadas com o namorado na Praça da República, em São Paulo. 18 skinheads espancaram até a morte o adestrador. Seu namorado conseguiu escapar.
 
3 – Menino Alex (2014)
Alex, de 8 anos de idade, foi espancado até a morte pelo pai por não se comportar como homem. O caso aconteceu na Vila Kennedy, no Rio de Janeiro. Alex apanhava constantemente do pai, que alegou que as surras eram corretivas, com o objetivo de ensinar a criança a andar como homem. O menino também gostava de lavar a louça e de dança do ventre, o que, para o pai, indicava que Alex era muito “afeminado”.
 
 4 – Itaberli Lozano (2016)
Itaberli, 15 anos, foi morto pois sua mãe não aceitava o fato dele ser homossexual. A mãe envolveu o padrasto da vítima e mais três jovens no assassinato. Os jovens espancaram Itaberli até o menino ficar desacordado e a mãe o matou com uma facada no pescoço. Para livrar-se do corpo, a mãe e o padrasto abandonaram e colocaram fogo no corpo em um canavial. A família ainda registrou boletim de ocorrência relatando o desaparecimento do adolescente dois dias após o assassinato. O caso ocorreu em Cravinhos, São Paulo.
 
5 – João Donati (2014)
João Antônio Donati, 18 anos, foi encontrado em um terreno baldio com hematomas pelo corpo e com pedaços de papel dentro da boca. Isso aconteceu na região metropolitana de Goiânia. O assassino foi um rapaz de 20 anos que relatou ter tido relações sexuais com João no terreno onde ocorreu o crime. Por isso, a polícia não considerou o crime como homofobia, porém os promotores do caso afirmam que o discurso do rapaz demonstrava homofobia independente de sua orientação sexual.
 
6 – Diego Vieira Machado (2016)
Diego era aluno da Universidade Federal do Rio de Janeiro e foi encontrado morto no Campus do Fundão, na cidade do Rio de Janeiro. O corpo estava às margens da Baía de Guanabara, com marcas de luta e sem as calças. Segundo uma amiga, Diego sabia se defender pois já tinha lutado judô e kung fu, por isso acredita que o crime tenha sido cometido por mais de uma pessoa. A amiga também relata que ele já havia sofrido ameaças homofóbicas e racistas dentro e fora do alojamento do Campus.
 
7 – Natasha (2015)
Natasha foi espancada e queimada viva na região Tarumã, em Curitiba. Seu crime: ser travesti. Após aproximadamente dois meses internada no Hospital Evangélico do Paraná, Natasha não resistiu ao tratamento das queimaduras e acabou falecendo. Não há maiores informações sobre os assassinos pois Natasha disse que foi um ex cliente mas ele nunca foi encontrado. Relembre o caso aqui.
 
8 – Laura Vermont (2015)
Laura, 18 anos, foi morta a socos e pauladas por cinco homens após uma festa na cidade de São Paulo. O caso ficou bastante conhecido pois dois políciais militares foram chamados para socorrer a vítima, que em um momento de distração dos agentes tomou posse do veículo e logo em seguida o bateu em um muro. Na época, os polícias haviam mentido em seus depoimentos ao relatar que não haviam agredido a travesti. Após as investigações descobriu-se que eles desferiram socos e chutes, além de atirar contra Laura. Até hoje todos os envolvidos permanecem livres, com exceção de Laura, que faleceu. Mais informações aqui.
 
9 – Dandara (2017)
Caso que repercutiu nas redes sociais devido ao vídeo mostrando parte do crime, em que a travesti estava sentada ensanguentada no chão e recebia chutes, socos e pauladas de quatro homens. Dandara foi espancada em uma rua do Bairro Jardim, em Fortaleza, e morta a tiros. Veja mais aqui. 
 
10 – Gustavo Guazelli (2015)
Nossa lista de crimes homotransfóbicos tem até mesmo vítimas heterossexuais! Gustavo, 33 anos, estava comemorando seu aniversário em um bar quando foi junto com um amigo a um posto de gasolina para comprar cigarros. No caminho, os dois se abraçaram e sofreram xingamentos homofóbicos de um caminhoneiro. Gustavo se dirigiu a cabine do caminhão e foi ameaçado com uma barra de ferro. Protegido pelo amigo, o rapaz conseguiu se esquivar, porém o caminhoneiro atropelou Gustavo, que faleceu. O caso aconteceu em São Bernardo, São Paulo.
 
Podemos perceber que a maioria dos crimes cometidos contra LGBT possuem retoques de crueldade, em que se dá todo um processo de tortura antes da morte. Lamentamos que a legislação brasileira ainda não tenha tipificado os crimes de homotransfobia como crimes de ódio, o que seria um agravante na pena dos assassinos. Lamentavelmente, a homotransfobia não está somente nos criminosos, mas também nas diversas pessoas que integram os órgãos responsáveis pela justiça brasileira que não enxergam gays, lésbicas, bissexuais e principalmente travestis e transexuais como pessoas de verdade.

 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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