Justiça indicia policiais militares acusados pela morte da lésbica Luana após dois anos

Redação Lado A 20 de Abril, 2018 19h06m

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No dia 5 de abril, o Ministério Público do Estado de São Paulo recebeu a conclusão do inquérito sobre a morte de Luana Barbosa dos Reis, de 34 anos. Lésbica e negra, a mulher faleceu em 13 de abril de 2016 após ser espancada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. A investigação concluiu a autoria do crime pelos policiais Fábio Donizeti Pultz, André Donizeti Camilo e Douglas Luiz de Paula, do 51º Batalhão da PM, que agora aguardam decisão da Justiça para continuidade do processo.

Com a demora da conclusão do inquérito, a defesa da família da vítima está apreensiva, temendo impunidade. Logo após a morte de Luana, em maio de 2016, o juiz Luiz Augusto Freire Teotônio negou o pedido do delegado responsável pelo caso, Euripedes Stuque, para prender temporariamente os policiais acusados pelo crime. O processo então foi encaminhado para a Justiça Militar do Estado de São Paulo que arquivou a investigação em 2017. Poucos dias depois, um outro recurso possibilitou a volta do processo à investigação da Polícia Civil, que concluiu o inquérito em março deste ano.

O crime
Lésbica, negra e moradora da região periférica de Ribeirão Preto, Luana Barbosa dos Reis já sofria perseguição policial desde muito antes de sua morte. Roseli Barbosa, irmã da vítima, disse no inquérito que a casa da família já foi invadida diversas vezes pela polícia sob a justificativa de que Luana já fora presa por porte de armas e que seria uma potencial traficante de drogas. A vítima deixou a prisão em 2009 e desde então trabalhava de faxineira e garçonete. No dia 8 de abril de 2016, saiu de casa de moto para levar o filho à escola quando foi mais uma vez abordada por policiais, dessa vez, seus assassinos.

Ao não consentir ser revistada sem a presença de uma policial feminina, os três policiais acusados começaram as agressões contra Luana, na frente de seu filho de 14 anos. Após cinco dias internada na UTI, Luana morreu em decorrência dos ferimentos que causaram traumatismo crânio-encefálico, em 13 de abril de 2016.

No início das investigações, o tenente coronel da PM Francisco Mango Neto negou as agressões e justificou a abordagem devido à suspeita de que Luana pilotava uma moto roubada. O coronel ainda tentou argumentar que a vítima tinha agredido os policiais que estavam com ferimentos na boca e no pé, enquanto Luana ainda foi à delegacia prestar queixa. No entanto, um familiar precisou ajudar a vítima a chegar até o local e assinar os termos que não conseguia enxergar por causa do excesso de sangue no rosto.

 

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