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Desaquenda 1: Vicky Spanic abre a sua intimidade e conta tudo sobre sua vida drag

Redação Lado A 12 de Fevereiro, 2016 19h07m

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Esse é o primeiro texto da coluna Desaquenda, ou melhor, a primeira entrevista. O objetivo deste espaço é dar voz às drag queens curitibanas. A cada 15 dias, vocês conhecerão uma queen nova que carrega o legado de grandes artistas da capital paranaense. Mais do que ouvir suas histórias, queremos fazer um mapeamento sobre o talento performático na noite de Curitiba, provar que a cultura drag é, também, uma arte que merece ser apreciada. Para isso, convidamos a Vicky Spanic, que se apresenta com frequência na Side Caffé, para falar conosco. Confira:
 
Drag name: Vicky Spanic
Boy name: Luiz Henrique
Idade: 18 anos
Tempo de palco: 8 meses
Lugar favorito: Side Caffé
Personalidade: Extrovertida e adora estar com as amigas.
Bordão: Gatas, hoje é dia de lacração!
 
Você pode me contar a história da sua primeira vez?
Meu primeiro contato com a noite aconteceu há um tempinho já. Foi quando recebi uma mensagem de um amigo me perguntando se eu conhecia alguma drag pra fazer um show com uma artista bem conhecida. Miss, eu me ofereci. Ele me pediu fotos, eu mandei e acabei sendo aceita para o papel. Pra mim era um máximo, estava extremamente feliz. Foi assim que conheci a Bettyna Brasfont, que foi extremamente gentil, companheira e me deu várias dicas. Eu lembro que eu tinha um pouco de dificuldade para decorar músicas na minha cabeça. Ela me mandou diversos áudios no Whatsapp, sempre me ajudando como podia. Na realidade, ainda me ajuda. Enfim, fomos pros ensaio e descobri lá que ia performar com a Cyarah Powerfool e, nossa, amei saber daquilo. Foram ensaios em cima de ensaios até que chegou o grande dia. Todas prontas no camarim, mas ela estava sem fita pra prender a peruca. E, no palco aconteceram problemas. Mas enfim, foi minha primeira vez e não tinha noção das consequências. Se fosse pra mudar algo do dia, eu não teria retirado minha peruca da cabeça encima do palco.
 
Quais problemas aconteceram no palco?
Ah, a Cyarah estava meio abalada com assuntos sentimentais, pela peruca mal presa e acabou descendo do palco e me deixando sozinha olhando pra todas aquelas pessoas. Só que no camarim eu havia dito que ela não estava sozinha nessa, que se ela tirasse ou caísse a peruca eu tiraria a minha também. Ela abandonou o palco e retirou a piku (peruca).
 
Você acha que as pessoas não gostam quando as drags tiram a peruca durante uma performance?
Acho que não. Porque depende muito do que você está fazendo. Em um bate cabelo, por exemplo, tem que ter uma história. Todo um porquê de escolher aquele show, entende? Então, tem shows que são preparados para que a peruca seja removida,   como é o exemplo da Lorelay Fox fazendo Os Miseráveis. No final, ela teria de tirar a peruca e se desfazer do momento. Acredito que depende do que você preparou para o público. 
 
Você leva a sua drag como uma carreira artística ou os shows são um bônus?
Levo como uma carreira artística, porque quero mostrar que se for pra ser drag, não vou ser como as outras. Seja você, crie sua história. Não seja apenas uma drag, seja a Drag Queen.
 
Essa é uma frase bastante usada pela Brigitte Beaulieu, você se inspira nela? 
Brigitte Beaulieu pra mim é uma pessoa única, uma pessoa que me acolheu, que me ajudou, que me deu conselhos e me ensinou truques. É alguém que quero levar pro resto da vida como uma irmã.
 
Vocês frequentam a mesma casa e são apegadas. Como é com outras drags do local, há certa rivalidade para shows ou é um clima de fraternidade com todas?
Frequentamos a mesma casa e sou muito amiga dela. Porém, algumas drags são difíceis de lidar, acontece muita rivalidade, umas querendo derrubar as outras. Mas outras são extremamente amigáveis e super parceiras. Não faço questão das que tentam me derrubar. Procuro ao máximo manter perto apenas as pessoas positivas. 
 
Qual foi a apresentação favorita da Vicky?
Amei várias, mas a melhor foi o show de Glamour no Side, com a música Loved Me Back to Life, da Céline Dion.

 


 
 
Por fim, se alguém quiser começar a fazer drag, quais são suas dicas?
Minhas dicas são: se monte, se joga, nem que seja apenas por diversão. Mas se for pra ser Drag, não seja mais uma no meio delas, seja única, seja animada, seja sincera. Jamais fale mal de outras drag , o sacrifício que ela passou para estar ali você não conhece e também pode acabar passando. E, se precisar, estou sempre aqui.
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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