Como vai o seu gaydar?

Redação Lado A 07 de Março, 2006 18h22m

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Se a sensibilidade extra-sensorial existe, o tal sexto sentido, com certeza uma dessas capacidades se chama gaydar. Gaydar é a palavra usada por gays e lésbicas para uma suposta capacidade que todo indivíduo deste grupo tem para reconhecer outros iguais. Ou seja, conseguem reconhecer outros gays e lésbicas. O que seria de grande utilidade na hora de procurar um parceiro já que a maioria dos gays não é assumida, em razão do preconceito em casa, no trabalho, na família e em outros locais onde ser diferente não é bom aos olhos alheios. É um tipo de radar, radar de gays, que alguns héteros acabam tendo essa capacidade também. Aliás tenho uma amiga hétero que tem o melhor gaydar que eu já vi, infelizmente, ela sempre acha que o cara gay é hétero, descobre depois que se interessou por ele…


 


Obviamente, se trata de lenda ou tem muito gaydar por aí precisando de um balanceamento. Não há estudos sobre o assunto, nem mesmo uma teoria estruturada mas é fácil perceber que a intuição nesse caso é recheada de preconceitos. Claro, duas pessoas se paquerando acham que a outra está retribuindo, mas quantas vezes a outra pessoa diz que não era nada daquilo? Era o radar quebrado, ou mentira mesmo, depois que viu de perto… melhor fingir que estava olhando para a parede.


 


Veja se você concorda: um cara usando uma peça de roupa cor de rosa, até pouco tempo atrás, era impensável que não fosse homo ou era gay assumido ou o cara tinha que “provar” que era hétero. Imagina então um homem bonito, solteiro e encalhado? O gaydar berrava e soltava luzes! E os meninos sensíveis, de maquiagem, de saia, epa, isso tá ficando moderno demais! Mas na verdade é que algumas vezes o preconceito acerta, o que criou a lenda de que o gaydar existe. E tem gente que insiste até o gaydar acertar, chega a ser impertinente, fundamentalismo puro, pior que pregador de Bíblia, chato mesmo. A conversa é mais ou menos assim:


 


(Dois homens, um gay e um hétero)


 


– Você não é gay mesmo?


– Não


– Nunca beijou um cara?


– Não


– Nem brincadeirinha com o primo?


– Nada


– Tomaram banho juntos?


– Já…


– Ahm… comparou o tamanho?


– Sim, mas isso é nomal…


– De quem era o maior?


– O do meu primo…


– Viu, você lembra…


 


E o outro não esquece disso o resto da vida… No mês passado, foi lançada uma biografia não autorizada, aqui nos EUA, do ator Marlon Brando, falecido no ano passado. No tal livro, diz-se que o poderoso chefão teve diversos casos homossexuais, com direito à foto e tudo. Jamais imaginei que Marlon Brando curtia da fruta, meu gaydar passou silencioso, talvez alguns indivíduos precisem trocar a bateria do seu radar ou conseguir uma versão mais moderna, com sensor à laser. Mas gaydar que não falha é o de mãe, elas sabem que o filhinho é gay mas fingem que nada está acontecendo. Relaxa dona, se apitou, não tem mais nada o que fazer. Viva a diversidade.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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