Sadomasoquismo: entre a dor e o prazer

Redação Lado A 04 de Julho, 2007 02h17m

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Para o dicionário Houaiss, sadomasoquismo (SM) é uma perversão sexual que resulta da combinação de sadismo e masoquismo (pervesão é considerado o desvio no comportamento padrão, dito normal, não necessariamente certo ou errado). Os sádicos (que vem de Marquês de Sade) têm prazer quando provocam dor ou humilhação em a outra pessoa, que pode ou não consentir, no mundo SM estes são denominados Masters, ou mestres. Já o masoquista gosta de sofrer, e com isso, obtém excitação. Eles são chamados de slaves – escravos.


 


Um tapinha não dói


É normal um tapinha durante o ato sexual. Se gostares, não quer dizer que sejas masoquista. Todos possuem um grau de satisfação em uma relação física, existindo sempre o dominador e o dominado, o ativo e o passivo. Mas na relação SM é muito mais do que poder. É o complemento do fetiche do outro, um dominado e o outro sendo dominado. O universo SM possui seus próprios códigos e regras. A prática possui adeptos de todas as orientações sexuais. Em alguns países, com no Japão, é algo muito difundido.  


 


Iniciante


No Brasil, existem poucos especialistas e muitos adeptos sobre o assunto. Conversando com um iniciante de 20 anos, que usa o nome de Slave Boy Ctba (garoto escravo Curitiba), vemos como são complexas as tribos e a linguagem dentro do meio. Ele curte o sadomasoquismo porque sente tesão ao ser dominado e gosta de homens “com jeito de macho”. Sobre a dor, ele afirma achar interessante e que no fim a dor e o prazem se misturam. Pergunto como foi a sua primeira experiência SM, ele revela que “foi com alguém que não mora em Curitiba, foi uma pessoa muito compreensível que conheci em um site de SM, conversamos muito através do messenger e então nos encontramos pessoalmente. Já sabíamos o que o outro curtia, então rolou legal”.


 


Faço perguntas sobre humilhações com excrementos e ele diz que os que fazem isso são os pigs (porcos), uma linha no movimento que curte sexo, dominação e escatologia. Ele conta que os sadomasoquistas mais conhecidos são os leathers, os que usam bastante couro. Pergunto se sexo grupal faz parte da cultura do SM, ele me explica que SM se resume em uma relação de confiança entre o mestre e o escravo, é uma violência consentida, e se discute o que será feito e por isso é seguro. O sexo grupal é mais comum em bares e locais especializados – em São Paulo temos alguns. Existe diversas práticas dentro do sadomasoquismo, mas cada pessoa possui as suas preferências não há regras quanto a isso.


 


Aparatos


Nesse mundo, um mestre pode ter diversos escravos, enquanto o escravo precisa ser fiel, o que reduz o número de relacionamentos entre mestres e escravos. Chicotes, máscaras e roupas de couro fazem parte do acessório básico que pode chegar até aparelhos complexos de tortura. No meio do caminho temos consoles (dildos), coleiras, correntes, algemas, mordaças, roupas de couro, capus, laço peniano, tapa sexo, arreios, entre cordas e roldanas usadas na dominação.


  


SM.com


Na Internet, existe diversos sites sobre o assunto. “Há quem não queira experimentar e há quem desista logo nas primeiras bofetadas. Mas há quem siga adiante… Determinadas as regras e os códigos, os riscos de um acidente sério diminuem. Os sadomasoquistas não querem morrer, querem o prazer. A dor é só o veículo. Há uma sensação de desafio em superar a dor. O sadomasoquista é um forte no sentido nietzschiano” filosofa um site hospedado no servidor da universidade federal da Bahia. A maior parte do acervo é americano. O endereço gay Slave4master.com reflete o sucesso do estilo, 4705 pessoas conectadas no momento em que conferimos a página.


 


O assunto está longe de ser considerado convencional. Em 2001, a Rede Globo censurou um capítulo da série “Os Normais” chamado “tédio é normal”. O episódio já havia sido gravado e finalizado, ao custo de 80 mil reais, mas a emissora achou que as novas experiências de Rui e Vani eram picantes demais para o horário.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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