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Mãe de Cazuza conta como foi a saída do armário do filho em casa

Redação Lado A 22 de Abril, 2010 20h17m

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Lucinha Araújo, mãe do cantor Cazuza, vítima da AIDS em 1990, falou para a revista mineira Ragga sobre os 20 anos sem o filho e da fundação Viva Cazuza, que cuida de crianças soropositivas, a qual se dedica desde a morte do artista. Na entrevista, Lucinha ainda conta como foi a saída do armário do filho e como o tema foi recebido em casa.


Sobre a declaração de Marcelo Dourado no programa Big Brother Brasil (ele afirmou que homens heterossexuais não pegariam o HIV, o vírus da AIDS) Lucinha conta que torceu contra o lutador (que acabou vencendo o programa) e que o considera altamente homofóbico. “Isso é preconceito. O preconceito é inerente quando o ser humano não tem coragem. É falta de caráter. Qualquer tipo de preconceito é fruto de gente sem caráter e não tem perdão. Não acho justa a vitória dele”, afirmou Lucinha é casada com João Araújo, que era um alto executivo de uma das maiores gravadoras do país na época, a Som Livre, onde o filho começou.


“Opção sexual do Cazuza foi um problema?”, perguntou a jornalista Bruna Saldanha. “Não chegou a ser um problema, nós sempre convivemos com o meio artístico. O João começou a trabalhar com música aos 16 e nunca teve outro emprego, só trabalhou na indústria fonográfica. Então já estávamos acostumados. Evidente que não era isso o que eu queria para o meu filho, porque acho que é um caminho muito duro. A sociedade não aceita. O caminho de minoria é sempre mais sofrido. Quando tivemos uma conversa definitiva sobre isso eu disse: não quero me meter na sua vida, mas acho que nesse caminho você vai sofrer e eu não quero que sofra. Ainda perguntei: você é viado? Ele disse que isso mamãe? Eu por acaso tenho quatro patas e uma galhada na cabeça. Ele disse ainda: vamos dizer que sou bissexual, mas não se meta na minha vida não, porque eu sei levá-la muito bem e estou fazendo a escolha que eu quero”, respondeu Lucinha.


Ela conta que o filho tinha 18 anos quando ela o pressionou a contar. Como o filho era brincalhão, o pai levou um susto e achou que era uma brincadeira do filho mas que os pais o aceitaram pois “era a vida dele”. “Ele dizia prefiro viver 10 anos a mil do q mil anos a dez. Ele pagou com a vida, mas viveu 10 anos a mil”, afirmou a mãe que afirmou que o filho fez uma experiência.

Confira a entrevista completa aqui:
http://www.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_13/2010/04/19/ficha_ragga_noticia/id_sessao=13&id_noticia=22970/ficha_ragga_noticia.shtml

Foto: Revista Ragga

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SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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