Arquivo

Entrevista com um garoto de programa

Redação Lado A 23 de Dezembro, 2010 16h34m

COMPARTILHAR


Marcos (nome de guerra), 19 anos, não gosta de ser chamado de garoto de programa, ele aceita, mas prefere encarar como um “bico”. O rapaz paulista diz que já saiu com milionários e famosos em uma sauna de São Paulo e que se mudou para Curitiba por causa da namorada. Ele vacila ao falar dela, primeiro diz que veio para o Paraná atrás da garota, depois diz que estão juntos há um mês. Ela estaria grávida e ele pretende fazer da véspera de Natal sua última noite como “boy”.

Encontramos Marcos no Club 773, de Curitiba, na festa de natal do local, que estava lotada de garotos de programas, clientes e amigos do dono por causa da noite especial.

Com 1,80m, olhos castanhos e tipo de modelo, o garoto tem descendência japonesa e alemã. Ele diz que não transa com “velhos” e que sua clientela fiel garante para ele 500 reais por noite se for entre quinta e sábado. Mas ele conta que vai trabalhar pouco. Além de um serviço fixo em uma loja de roupas, Marcos precisa arrumar desculpas para a namorada, que não sabe de sua vida dupla.

Ele faz o tipo misterioso e reservado. Fala baixo, sorri pouco e não gosta muito de entrar em detalhes. Conta que gosta de mulher e se considera heterossexual, mas que é bi quando transa com homens. Na cama, diz que não faz sexo oral, que usa sempre preservativo e que não deixa tocarem em sua bunda. “Seja homem ou mulher, se tocar lá atrás leva porrada”, explica. O programa custa R$70. E “Eu não beijo”, mentira “Beijo sim”, “depende”, revela. Ele diz que já ofereceram um valor que se aproximava ao de um carro zero popular para que ele fizesse o papel de passivo. Ao ser perguntado se alguma vez já tentou, ele diz que percebeu penetrando outras pessoas que é algo doloroso e reafirma que “é homem” mas vacila de novo e diz que se fosse por amor talvez perdesse a virgindade, não por dinheiro.

HOTTOWN.COM.BR – O SITE DE GAROTOS DE PROGRAMA DE CURITIBA
 

Tipo não muito raro, Marcos foi levado à prostituição por amigos. Ele parece ter um pouco de consciência ao falar de prevenção – ele diz que não abre mão do preservativo até quando fazem sexo oral nele – e sobre a vida. Ele diz guardar tudo o que ganha e que pretende fazer uma faculdade. O rapaz está concluindo o ensino médio e sonha em ser arquiteto ou médico – “vou escolher a que pagar melhor”. Quando morava em São Paulo, tentou jogar futebol, levado para um clube por um cliente que conheceu em uma sauna. Pergunto quando que ele começou a sair com homens e ele diz que foi este ano ainda, o que faz suspeitar que Marcos não foi sincero na resposta pois disse que chegou em Curitiba no início do ano. Mas ele diz que a primeira vez que foi com um homem para a cama foi por curiosidade, mas que recebeu dinheiro por isso.

Com corpo moreno não musculoso mas definido, dentes brancos e olhar carente de menino, o garoto trabalhou pouco durante a festa por causa da grande fila para o uso dos “reservados”. Ele interrompeu a entrevista para atender um cliente e depois de meia hora disse que ficaram apenas conversando. Pelo jeito, essa não foi a única entrevista que o rapaz deu na noite.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

COMPARTILHAR


COMENTÁRIOS