Contos eróticos do absurdo

Redação Lado A 15 de Abril, 2007 15h05m

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Resolvi colaborar escrevendo um pouco com o bom início da semana dos leitores, inspirado pela minha última visita ao MON – Museu Oscar Niemeyer, (e sem esquecer do fato de ter publicado NiemAyer na última revista, o que me irritou muito) e em razão da exposição do movimento Fluxus, que é realmente maravilhosa, que vi no museu. Exercitando esse lado artístico que todos temos e, além disso,  aproveitando para criticar sobre como o erótico pode demandar mais interesse dos leitores da internet do que textos sérios. Acho que fica mais para Dada do que Fluxus, mas fica aqui o meu incentivo para as pessoas visitarem o MON. Boa semana!


 


VAI PEGAR FOGO


Aquele motel era um paraíso para muitos casais de amantes. Maria trabalha lá há oito anos. Naquela manhã, algo de diferente aconteceria. Há muito tempo esquecera o que era sexo. Mas naquele dia tudo ia mudar. Ao se aproximar daquele quarto, supostamente vazio, onde deveria fazer a limpeza em menos de 10 minutos, ouviu gemidos. Será que alguém ainda estaria por ali? Não, era apenas a televisão deixada ligada em um canal erótico, fato raro. Aquela senhora viu depois de mais de quinze anos, uma cena de sexo. Mas ao olhar para o banheiro, tomou um susto. Alguém inadvertidamente deixou uma vela acesa. Esta caiu e pôs fogo na lixeira. O fogo e a fumaça tomavam conta agora de todo o ambiente. Saiu correndo, pedindo socorro. O local ia pegar fogo!   


 


O GATO MALHADO


Quando eu o vi, não pude acreditar. Acompanhei com atenção todos os seus passos. Ele era elegante em todos os movimentos e tinha um olhar que invadia a alma. Pude sentir a sua aproximação, em revelia a todo a sua desconfiança natural, ele chegava cada vez mais perto. Selvagem, pensei, mas não, era apenas um gatinho de rua malhado, entrei em casa e coloquei uma tigela de leite morno, mas ele não quis. Deve preferir caçar ratos.


 


TREPADA A TRÊS


Nunca tinha feito isso. Pensei que seria demais. Mas que alguém poderia se machucar. Mas começamos assim mesmo, cada um de um lado. Quem chegasse primeiro ganharia. Mas percebemos que todos ao mesmo tempo não daria certo. Quase desistimos. Fui primeiro com a Sheila. A Giovana só olhava mas veio atrás de nós em seqüência. Achei que não ia agüentar, mas enfim, o galho agüentou. Quando menos esperávamos, estávamos os três trepados em cima daquela imensa árvore.


 


BOTÃO


Vi através da porta, a empregada, de quatro, se esforçando. Ela murmurava algo mas era incompreensível. De imediato, percebi que ela não estava sozinha. Havia um homem deitado sobre a cama, era Moacir, o jardineiro. Ele estava com a calça aberta. A Lurdes ainda lá, resmungando. De repente, um grito explode no quarto. Achei! Ela tira metade de seu corpanzil de debaixo da cama e com agulha e linha começa a cozer o botão perdido.


 


CHUPETA


Era algo tão estranho. Uma senhora a sugar com tanta ferocidade. Era lindo ver as suas bochechas contraírem, todo o seu corpo parecia relaxar em um êxtase total. Quando passava as mãos nos cabelos, você podia ver com mais atenção. Seus olhos também se movimentavam, traçavam um círculo infinito que entregava o seu prazer, como uma criança. Acontece que ela já passava dos 50 mas ainda conservava o hábito de chupar chupeta. 


 


O Primão… tem quase dois metros de altura!


O saco do carrinheiro… tem um monte de papelão!


Garganta profunda… ela tirou as amídalas!


Sem cuecas… o sabão acabou!


Molhadinha… cadê o guarda-chuvas?

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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