Em novembro de 1978, conforme narra o antigo jornal LAMPIÃO, em sua 14a. edição, um ex-policial e ex-vereador de São Francisco, Dan White, começou um movimento de violência contra os gays. Assassinou entre várioas pessoas, o prefeito da cidade, George Moscone – um dos primeiros políticos a favor dos direitos dos homossexuais – e um importante militante e vereador: Harvey Milk. Foram fundados grupos de extermínio de gays, a partir de policiais homofóbicos e adolescentes, que eram incentivados a discriminar.
A onda de violência foi tamanha que a comunidade local desenvolveu um mecanismo de defesa em caso de emergência. Os homossexuais de São Francisco passaram a utilizar apitos para solicitar por socorro, caso fossem atacados. O apito então virou símbolo do combate a violência no meio gay. A idéia veio do movimento feminista, que usava o apito para combater os estupros noturnos.
Em 1979, o assassino Dan White recebe uma condenação insultante: 8 anos de prisão com direito à liberdade condicional, lembra-se que a Califórnia, hoje ainda, possuía pena de morte e naquela época já havia a prisão perpétua no estado. A culpa acabou na Coca-Cola, como ficou conhecido o caso, pois o advogado de defesa alegou que as comidas “fast food” e os refrigerantes consumidos pelo réu teriam feito a sua glicose em seu sangue agir como alucinógeno e tirar a consciência de Dan.
A revolta foi geral e causou mais de um milhão de dólares em prejuízos. Prédios públicos depredados, carros queimados, 119 pessoas feridas das quais 59 policiais. Um verdadeiro palco de uma guerra que a exemplo do movimento negro americano, precisou existir para que a comunidade fosse ouvida. Infelizmente o ato por um tempo instituiu uma silenciosa perseguição aos gays na cidade. A polícia ficou com as marcas do confronto e demorou muito para o respeito ser reinstituído. Mas o caso Dan White seguiu como estava.
Um filho deste episódio foi o conceito “Não fale, Não pergunte”, uma atitude que hoje é principalmente empregada nas forças de guerra americanas. Se for gay, não fale, se achar que alguém é gay, não pergunte. Assim, mesmo com toda a falsidade do mundo, não haverá confronto direto.