::: Notícias GLS – 15 de dezembro de 2005 :::

Nudismo ameaçado

A praia de Galhetas, ao lado da Praia Mole, reduto de surfistas e homossexuais na ilha de Florianópolis (SC), pode deixar de ser reserva ambiental e local para nudistas, conforme lei que garante a prática há 15 anos. Para o vereador João Batista (PDT), que encaminhou o projeto de lei que suspende a prática do nudismo no local, é preciso intervir. “Não sou contrário ao naturismo, mas às condições para praticá-lo. Na Galheta, a pessoa pode ser estuprada, desrespeitada, e isso não vou deixar acontecer.” “Não existe respeito. Há gente que vai para fazer orgias”, referindo claramente aos homossexuais que freqüentam o local.

O nudismo facultativo, ou seja, não obrigatório, predomina no local que possui 2 km de areia, pedreiras, mata nativa e córregos. Especula-se que o maior interesse, além do moralista, é a especulação imobiliária. As brigas entre pescadores e banhistas e a falta de policiamento e fiscalização aumentam o desentendimento.

Meninos do Rio

O guia gay HX de Nova Iorque faz apologia ao turismo sexual no Rio de Janeiro em duas matérias. Para muitos foi um presente, para outros, um ultraje. Uma badalada revista americana para gays diz na capa: “façam suas malas e encontre os garotos de Ipanema”, em trocadilho com a eterna música de Vinícius de Moraes. O Rio de Janeiro há tempos tenta emplacar no turismo internacional como point gay mas nos últimos anos chegou a ser considerado território perigoso, por causa da violência generalizada e em especial à discriminação contra os homossexuais. Parece que o mercado voltou atrás. Agora o Rio é ovacionado, chamado de paraíso gay e o carioca de o homem mais quente do mundo. Para os que vêem além do capital rosa que pode entrar, é uma tragédia. É turismo sexual puro. Pois quem conhece o Rio de Janeiro sabe que a cidade tem muito mais a oferecer.

40 graus

Em 2004, a agência de modelos 40 graus viu o potencial de garotos e garotas cariocas para o mundo da moda. O caça-talentos Sérgio Mattos, antes da Mega, criou sua agência que rapidamente se destacou no mercado nacional e internacional. Os diferencias foram esses; uma agência com a cara da cidade, com gente bronzeada e descolada invadindo a cena da moda. Tudo isso, aliado ao profissionalismo, encarando o preconceito de frente.

Com a mesma visão, mas com fins diferentes, a revista destaca: o nome “dele” é Rio. E cita o ressurgimento da estabilidade política e social, destaca as praias, população festeira, hospitaleira, paisagens e a cena gay, considerada “selvagem”. A matéria também cita o câmbio alto, o que torna os preços “chocantemente inexpressíveis” para o turista lá de cima.

Os cariocas

São exóticos e distintos (das outras populações, pela mistura racial). A vida do carioca é de prazer e relax o ano inteiro, festas, celebrações e praia. Estranhos conversam e demonstram intimidade de amigos de longa data. O texto destaca um americano que se mudou para a cidade. Hoje, ele tem um guia gay bilíngüe e constrói um hotel em Ipanema, considerado o templo GLS, principalmente a rua Farme de Amoedo e o posto 9.

Meninos Brasileiros

“Turismo sexual agradece saunas e serviços de acompanhantes legalizados”…  em outra matéria sobre produtos sexuais, cita-se que o homem carioca tem mente aberta e satisfaz o cliente como nenhum outro. Desta vez, o empresário citado antes, aparece como dono de uma agência de “acompanhantes”. Segundo ele, todo mundo fala português no Rio… Bull Shit!

Lésbicas motorizadas

O grupo de motoqueiras lésbicas “´Dykes on Bikes”, ou sapatas sobre motos, conseguiu registrar a marca do grupo na agência de marcas e patentes americana. A princípio, o pedido foi recusado por se tratar de um termo pejorativo na visão da agência. O grupo de motociclistas é de São Francisco e comprovou que na comunidade gay o nome não era mais ofensivo. O clube tem aproximadamente 30 anos e é um dos fundadores da Parada Gay da cidade. Para Vick Germany, presidenta do São Francisco Women´s Motorcycle Contingent, também conhecido como Dykes on Bikes, foi uma grande vitória.

Ator recebe indenização

Um ator recebeu essa semana 1,8 mil reais por ter sido chamado de gay em programa de uma emissora mineira. A decisão foi da Justiça de Minas, que condenou uma emissora de televisão da cidade de Três Marias a pagar por danos morais.Um letreiro identificando-o como homossexual teria sido utilizado sem que ele tenha autorizado, após ter aceito participar do programa de TV, janeiro de 2000.

Museu Gay

Uma agência britânica e uma organização não governamental de historiadores, educadores e especialistas em arte estão preparando um museu da história e da cultura gay. Por enquanto, está sendo criado um banco de dados, através de visitas a acervos de colecionadores. Os pesquisadores estão desenterrando artistas com histórias de amor proibido que era de conhecimento geral mas não tinha a identidade homossexual.

A porta da cela de Oscar Wilde é um dos itens da lista, onde campanhas de direitos humanos e a história dos homossexuais no exército esperam para serem exibidos. O local do museu ainda não está definido mas espera-se que seja na região de King´s Cross, endereço nobre da capital inglesa. Os grupos gays Stonewall and OutRage também colaboram com a empreitada.

Ford Volta atrás
Após ter anunciado o fim de parcerias e de anúncios com entidades voltadas para os direitos humanos de homossexuais, por pressão de uma ameaça de boicote da entidade Associação da família americana, a Ford volta a publicar seus anúncios. Uma reunião realizada na última terça-feira com representantes do movimento gay foi decisiva para o novo posicionamento da empresa. Em nota oficial, a empresa afirma que agora irá abrir todas as suas marcas para o mercado gay e não apenas três (as mais caras) como anteriormente.

Adolescentes condenados
Quatro pessoas, entre elas três adolescentes, são culpadas pelo assassinato brutal de um homem gay ocorrido em Londres, em 2002. A vítima foi David Morley, 37. Toda a violência foi registrada por vídeo, em um celular. A menina que gravou também foi acusada de participar do crime. Outros dois jovens conseguiram escapar da acusação. Reece Sargeant, 21; Darren Case, 18; um jovem de 17 anos e a garota de 15 anos espancaram  David Morley até a morte. Na gravação, a menina pede para o agredido posar para a câmera. O júri decidiu que são culpados mas não acatou os agravantes. A decisão foi dada na quarta-feira e a sentença sai em 23 de janeiro de 2006. O resultado foi insatisfatório para os militantes que acompanham o caso. Uma amiga da vítima, Alistair Whiteside, também foi agredida. Morley sofreu danos graves e morreu horas depois do ataque no hospital. No tribunal, o advogado da acusação comparou a violência gratuita com o filme Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick´s.

Morley era sobrevivente do famoso atentado à bomba ao the Admiral Duncan Pub, em 1999. O ataque deixou 73 pessoas feridas e foi assumido por um membro de um grupo skinhead. O seu assassinato foi marcado por grande cobertura da mídia e reações positivas como o apoio da opinião pública e a adoção de uma postura oficial contra a homofobia no país.

Com a bola toda

Aumenta ainda mais a expectativa de o lançamento no Brasil e da premiação do Oscar 2006 sobre o filme Brokeback Mountain. Agora, o filme já  foi indicado para sete categorias no Globo de Ouro: melhor filme, melhor diretor (Ang Lee), melhor ator (Heath Ledger), melhor atriz coadjuvante (Michelle Williams), melhor roteiro, melhor trilha sonora original e melhor canção original (“A love that will never grow old”). O Globo de ouro é considerado uma prévia do Oscar e os ganhadores do prêmio costumam levar a estatueta dourada. Outros prêmios já haviam sido comemorados esta semana. 

Brazil terá centros de referência

Foram assinados, no dia 12 de dezembro de 2005, no Ministério da Justiça do Brasil, pelo Secretário interino de Direitos Humanos, Mário Mamede convênios para a instalação de 20 Centros de Referencia em Direitos Humanos de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais -GLBTS – em todas as regiões do País, a partir de 2006. Os CRDHS terão como objetivo fornecer orientação geral sobre direitos humanos às vítimas de violência e o encaminhamento para os serviços especializados, além de  prestar atendimento especializado à população GLBT, através do fornecimento de orientação jurídica, psicológica e social visando a promoção da cidadania,combate ao preconceito e à discriminação.

UEFA não discrimina
Quatro jogadores de futebol do time Max, de Varna, na Bulgária, foram pegos no vestiário praticando orgia. O caso foi levado à Federação Européia de Futebol – Uefa, que preferiu não julgar por não ter regras para esses casos. A situação foi passada agora para a federação belga, sobre grande estardalhaço da imprensa. O treinador do time, inconformado, afirmou “somos amadores mas honrados”, “Eles mancharam o nosso time”. Detalhe: o treinador havia sido convidado para a festinha mas preferiu não ir.

ONU investiga

Hina Jilani, representante especial para defesa dos direitos humanos da Organização das Nações Unidas, virá ao Brasil para conhecer defensores dos direitos humanos e dos homossexuais no país. A paquistanesa deve visitar Porto Alegre e Florianópolis. Em Santa Catarina, militantes devem lhe entregar um pedido sobre a necessidade de reapresentação da resolução internacional da ONU para o reconhecimento da livre orientação sexual e da identidade de gênero, projeto brasileiro abandonado no governo Lula.