Dia do silêncio

Nos EUA, no próximo dia 26 de abril, será comemorado o décimo ano do dia do silêncio, um protesto silencioso contra a discriminação de homossexuais. O grupo de estudantes USSA (semelhante a UNE) e a GLSEN, uma organização de educação com membros gays, organizaram a data. Tudo começou na Universidade da Virgínia onde 150 estudantes criaram o protesto em 1996. Hoje, o movimento nacional incentiva os alunos de todas as idades a apoiarem a causa. Para participar do dia basta permanecer em silêncio absoluto durante as aulas. Em 2004, 200 mil alunos de 2 mil escolas aderiram ao protesto. Este ano espera-se a participação de meio milhão de alunos, de 4 mil escolas americanas.


A perseguição de alunos homossexuais e transexuais, os altos índices de suicídio juvenil, abandono dos estudos e reclamações de um ambiente escolar hostil são as principais razões do desenvolvimento do projeto. Segundo pesquisa organizada pela GLSEN, em 2003, 4 de cada 5 estudantes GLBT afirmaram já terem sido vítimas de maus tratos verbais, físicos ou sexuais em razão da sua homossexualidade. Mais de 30% afirmaram ter faltado ao menos a um dia de aula no último mês por medo de sofrer alguma agressão.


No Brasil, a realidade não é diferente. O suicídio de adolescentes meninos em razão da sexualidade é o segundo motivo de causa, segundo a Unesco, perdendo apenas para as drogas. Em pesquisa da Unesco sobre sexualidade, feita em 2001, 33% dos meninos afirmaram que não gostariam de ter um aluno gay na mesma sala que eles. O índice chegou a 45% em algumas cidades. No DF, 6% dos professores afirmaram que não gostariam de ter um aluno homossexual em sua sala.


Para os idealizadores do Dia do Silêncio, a data é um tributo para as vítimas do preconceito que já não podem mais falar. As vítimas do holocausto, do preconceito nas escolas, nas famílias e a intolerância religiosa são comumente recordadas. Eventos paralelos promovem palestras, debates, resgate histórico e treinamentos estratégicos.


Mas porque um protesto mudo? É que o silêncio perturbador cala a irracionalidade da homofobia. Com o lema “O que você fará para acabar com o silêncio?” pretende-se conscientizar da necessidade de quebrar o silêncio para criar escolas mais seguras.



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Dia da Verdade


Em resposta ao dia do Silêncio, grupos religiosos e conservadores criaram, nos EUA, o dia da verdade. Comemorado um dia após o dia do silêncio, trata-se de um protesto contra a homossexualidade. Jovens vão para as escolas com camisetas com os dizeres do tipo “Gay não, homossexualismo é pecado”. Com muito mais dinheiro, eles distribuem materiais didáticos anti-gay e montam resistência contra diretores e seguranças que proíbem este tipo de ato por considerarem preconceituoso. Mesmo assim, do lado de fora, caminhões gigantes trazem trechos bíblicos condenando os homossexuais. No último ano mais de mil alunos participaram da campanha.


O dia da verdade começou em 2004, quando o aluno Chase Harper, 16 – hoje com 18, de San Diego, Califórnia, colou uma fita adesiva em sua camiseta e escreveu dizeres contra homossexuais: “Homossexualismo é vergonhoso” e “Eu não aceitarei o que Deus condenou”, ostentava. Ao ser convidado a parar com o seu manifesto, o aluno insistiu para usar a camiseta, alegando seu direito ao livre discurso. Foi suspenso e processou o colégio, em um caso que ganhou a mídia nacional e que ainda espera resposta da Suprema Corte. No ano passado, as tensões entre cristãos e homossexuais aumentaram. Os dois dias prometem este ano.

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa