X Men III mantém discurso de aceitação

Como foi dito antes, os quadrinhos X-Men da Marvel revelam em seu subtexto uma forte identificação com os homossexuais. Eles vivem no submundo, escondidos e lutam contra a hostilidade dos outros que os consideram aberrações. As primeiras manifestações ocorrem durante a adolescência. Vivem isolados ou em comunidades, têm habilidades diferentes, são nascidos de pais “normais” e estão em todos os lugares. Alguns se sentem solitários ou acham que são alvos de alguma maldição e sonham serem “normais”, enquanto outros lutam para que o mundo os aceite.


 


Antes de vir para as telas, já havia um personagem gay nos quadrinho, o Estrela Polar (North Star) tirado do “armário” nos anos 90, assumindo que ele era homossexual.No segundo filme da série, um dos personagens, o Bobby ou “Iceman” ´vive um momento muito comum entre os homossexuais, a hora de contar aos pais que é “diferente”. Depois que a escola para mutantes é atacada, os alunos do professor Xavier fogem e um grupo vai para sua casa. Lá, Bobby conta aos pais que é mutante. A mãe então pergunta: “Você já tentou… já tentou não ser um mutante?”. Mostrando a tensa relação entre pais e filhos.


 


No terceiro filme, que estreou neste final de semana, esta relação volta a ser representada quando o personagem anjo, representado pelo ator Ben Foster (foto) é mostrado logo no início do filme tentando arrancar as próprias asas. O menino não se aceita como mutante e não quer decepcionar o pai. Quando o pai flagra a auto-mutilação do menino ele apenas diz desculpas.


 


O pai, Warren Worthington, um bilionário, pesquisa um forma de “curar” o filho e encontra. A cura é então o ponto principal do filme, quando o governo propõe a cura voluntária aos mutantes que desejarem voltarem a “normalidade”. Impressionante é que os homossexuais sempre precisam combater profissionais da psicologia e religiosos que propõem a curar a homossexualidade. No Brasil, grupos evangélicos até propuseram um projeto de lei promovendo a idéia de que gays pudessem ser novamente heterossexuais, com um tratamento e auxílio providos pelo Estado.


 


A similaridade, com a história dos gays, não pára por aí. “Não temos nenhuma doença para sermos curados, a natureza nos fez assim” diz uma das protagonistas mutante. Então, trava-se uma guerra onde ao invés de buscar a aceitação tenta-se modificar os “mutantes”. Os mutantes se revoltam, alguns no campo das idéias, outros partindo para uma guerra sangrenta. Em outra cena, um mutante político e importante pergunta, antes de aparecer a cura, “se temos leis, um ministério, porque ainda andamos escondidos?” A resposta é a aceitação hipócrita que não inclui, apenas dá migalhas de cidadania. Como acontece com negros, homossexuais entre outros grupos marginalizados.


 


Muitos mutantes cansados de lutar contra o preconceito dizem sim à “cura”. Esta é a realidade onde gays com problemas de aceitação buscam desesperadamente estes programas de “reversão” onde é pregado que a homossexualidade não é natural e que todo desejo homo deve ser combatido.


 


O filho de asas, o Anjo, nega-se a receber a vacina antimutante e acaba por salvar o pai da morte. Homossexuais são normalmente os filhos que vivem com os pais até os últimos dias e cuidam destes durante a velhice, já que não constituíram família. O cenário do filme ainda é a cidade de São Francisco, a cidade mais gay do mundo.

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa