O segundo episódio da terceira temporada da série americana adaptada no Brasil foi transmitido pela Rede Record, no dia 08 de agosto. Nele, a homofobia de um dos participantes foi destaque. No programa, os candidatos a um emprego nas “organizações” Roberto Justus têm como desafio organizar uma convenção de cabeleireiros para a apresentação de um produto novo, uma chapinha de cabelo, da marca Taiff.
Mas, no meio da tarefa, quando o programa mostra os dois grupos de competidores, o time formado pelos rapazes, não perdoa e se refere aos gays como boiola, bichona e ao produto como coisa de viado. “As bichas vão adorar”, diz um deles se referindo ao fato de homens irem entregar os convites pessoalmente. Por incompetência exagerada ou força do destino (nenhuma das equipes conseguiu organizar uma convenção), o time masculino foi parar na sala da presidência, onde, além de prestar contas da derrota, um dos participantes é demitido.
Tradicionalmente, há uma lavagem de roupa suja e o líder daquela tarefa indica dois integrantes para retornarem com ele para a última parte do programa, onde Justus elimina um deles. Durante a primeira parte da reunião, um dos candidatos acusou alguns participantes, sobretudo Pedro Hans, de serem homofóbicos. Ao deixarem a sala, o patrão consulta seus conselheiros sobre quem deveria demitir. Um deles diz que o preconceito de Hans, nascido em Pernambuco mas morador de São Paulo, era inaceitável. No final, voltaram três participantes, entre eles o líder Fabrício, o homofóbico Pedro Hans e o participante Anselmo.
Na etapa final do episódio, Justus diz ao candidato Pedro que seu comportamento foi antiético, inaceitável e classificou de gravíssimo o fato. “Uma atitude absolutamente antiética, um comportamento intolerável, porque dentro de uma multinacional isso é fato gravíssimo, da pessoa exteriorizar, perante um grupo de pessoas que mal conhece, suas opiniões de mau gosto em relação a um ser humano, que é tão ser humano quanto você. Isso me incomoda profundamente porque eu represento um empresa, uma marca e os valores intangíveis dentro da empresa e a ética dentro da empresa passam pelo meu comportamento. Se eu quero ser líder um dia, quero ser diretor, quero ter um salário desse, vou trabalhar em uma metrópole que valoriza muito os direitos das pessoas e as preferências das pessoas eu jamais vou ser tão inconveniente assim.” Roberto Justus deu uma grande bronca em Pedro, mas despediu Fabrício, líder da tarefa.
Para alguns telespectadores, Justus passou a mão na cabeça do participante. Para duas de nossas leitoras, que “denunciaram” o fato, a Record e Justus merecem um processo pois foi algo maior que um simples reality show e sim um crime de discriminação. Para o casal, a imagem transmitida é de que apenas em Nova Iorque ou em uma multinacional o preconceito seria inaceitável, já que o rapaz não foi demitido.
Segundo um funcionário da empresa Taiff, que lançou a chapinha que friza e aliza os cabelos neste episódio do programa, os comentários homofóbicos que foram ao ar não têm nenhuma ligação com a empresa. Afirmaram que foram recebidos diversos e-mails reclamando do programa. A empresa lamenta a “discriminação generalizada” vista e que não sabia de nada até a exibição normal da atração. Na avaliação do departamento de marketing da empresa, a participação foi um sucesso nos pontos de venda.
Para uma especialista em mídia, que preferiu não se identificar, foi negativo o episódio para o programa. Para ela, se um dos participantes não tivesse citado a homofobia do outro na sala de reunião, as imagens de preconceito certamente não teriam ido ao ar, seriam cortadas da edição final. Em todo o caso, este episódio superou o mau desempenho da estréia, alcançando mais de 10 pontos de pico no Ibope, ficando em segundo lugar na audiência do horário. Talvez isso explique a continuidade do participante polêmico.