Por Beto Pereira & Sousa
Sinto-me culpado. Não sei ao que assistir; se ao debate dos candidatos à presidência, ou ao filme do Blade… Não sei, não sei. O que é mais interessante? Sei lá! O Jô Soares entrevistava Arnaldo Jabor (quero deixar claro aqui que odeio o Jabor, mas há males necessários) e no SBT estava passando uma série sobre coisas sobrenaturais. E agora? Os canais zapeavam. Jô, série; Jabor, espíritos; E agora?!
Eu preciso ver o Jô para ter conteúdo, para escrever aos meus três ou quatro leitores.
Mas eu queria tanto ver se a garota amish com duas almas morre no final… E agora?
Eu preciso pensar; preciso alongar meus neurônios…
“Ah! Deixem-me ser burro! Pensar dói!” Por que temos de ser inteligentes, e espertos, e interligados com o mundo…? Eu quero ser um eremita e viver trancado numa caverna, afastado do mundo, isolado… Hummm, mas acho que um filósofo matemático já fez isso… Sócrates?
Sinto que a sociedade está dividida em intelectuais e pseudo-intelectuais. Os que pensam e os que fingem pensar; Os que analisam e os que aceitam; Os que esforçam-se e os que são levados.
A vida é assim. É necessário obrigar-se, às vezes. Conhecimento é necessário. Copiando uma frase do Jô Soares, “se não nascemos para revolucionar o mundo, pra quê nascemos?”. E essa revolução faz-se primeiro em você; em nossa mente; em nosso viver. Você é quem revoluciona o mundo. Você é quem cria, planeja, muda. Se o Brasil, o mundo, está como está, a culpa é sua; nossa.
Está tudo aí, na nossa frente. Escancarado. E não fazemos nada. Deixamos por isso mesmo… “rouba, mas faz…”, isso é anti-política. É melhor excluir-se do mundo. Trancafiar-se numa caverna.
Mesmo assim; mesmo trancafiados, isolados, ainda pensamos. Mesmo contra nossa vontade. O ser (que eu encontro a definição perfeita no inglês, self, algo aproximado ao ego, da psicanálise); pensamos na sociedade, nossas famílias e amigos (e quer hora melhor pra lembrar dos inimigos?).
O pensar, raciocinar, não é vivenciado apenas em multidões; é mais que isso. É ainda mais vivenciado quando na solidão. O poder analítico do homem é um cruel amigo, daqueles que vêm te encher o saco quando você busca a solidão. Daí você desencadeia a analisar tudo (é tipo cocaína); Porque o céu é azul (aliás, uma resposta idiota para uma indagação tão linda. Aliás, as mais belas indagações têm respostas idiotas, já reparou? Paixão é uma doença; Difração da luz, para o céu avermelhado, e gases para o azulado; a Lua não tem luz; as estrelas já morreram; Deus não existe, cientificamente; o mundo surgiu de uma explosão; evoluímos dos peixes; e o tempo, pasmem, não existe, segundo Einstein… se bem que o tempo não existia antes também…). Convenções à parte, o fato é que isolados ou em conjunto, pensamos.
“Penso, logo existo*”? Há controvérsias. Lembra que lá longe, no começo, eu falava sobre ao que assistir? Então. O que você achou melhor, Jô Soares ou o tal seriado? Ahnnn, nos dois casos somos obrigados a pensar, certo?
Ahnnn… no seriado, você analisou o quê? A vida em risco da garota amish (aliás, eu analisei). Na entrevista com o Jabor, entre outras coisas, foi analisada a situação política nacional. O que é mais útil, pra sua vida?