Raça…? Humana!

Redação Lado A 09 de Outubro, 2006 03h06m

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Estamos próximo a mais uma prova da Universidade Federal do Paraná (diga-se de passagem, está de parabéns por suas propagandas sobre diversidade) e eu, como todo bom vestiba, não optei por um curso ainda. Mas já sei o que declarar no questionário sócio-econômico.

“Quanto à raça, você se declara:”
– Humana

Em cor, estou entre rosa e ver-limão…
No quesito preconceito, a UFPR consegue se superar.

Declarar cor no Brasil?
Pegando o que como referência? Porque, se for pelos meus antepassados, então eu sou negro (obs., sou eu na foto-link da coluna). Minha tataravó paterna foi escrava…

Cotas para negros e índios? Eles são menos capazes que brancos?
E o que eu considero o clímax, cotas para “estudantes oriundos de escolas públicas”. MEU DEUS! É atestado de incompetência do estado! É o estado afirmando “a educação pública não presta. Enganamos vocês todo esse tempo”, será? Bom, não enganam ninguém, né?
Mas, não é melhor qualificar a educação pública, no mínimo, igualar com a particular?

Esses dias uma amiga, negra, disse que é a favor das cotas. Que os negros sofrem um estigma social…

Sou da seguinte opinião: Como medida paliativa, o projeto de cotas é super válido (acho tão ma moda essa termo, “é válido”, é chique, é digno!). Mas, é necessário melhorar a educação! Medida paliativa! PALIATIVA (eu também achava que era com “e”, “paleativa”, mas olhei no dicionário, é com “i” mesmo)! Medida para curto prazo, algo urgente. Mas se isso fica pra sempre (tipo CPMF, que era um imposto provisório e está ai acho que faz uns 20 anos), só vai piorar; ficará mais fácil entrar na universidade, porém, impossível sair formado… (aliás, quem diabos é Herbert Richers?)

A UFPR, uma instituição de ensino superior realmente superior, reconhecida no mundo afora por seu ensino de qualidade, é super preconceituosa, em alguns pontos.

Fora os já citados, essa prova que ela aplica é quase igual a que aplicava quando foi criada. E está mais do que provado que esta prova não prova nada!

Como diria nosso querido professor Pedro*, “O cara saber repetir a matéria na prova diz que ele é inteligente? O correto é saber em quê usar tais conhecimentos.”.

O que prova tal idéia é aquela velha máxima, que repetimos desde o começo de nossa vida letiva, “Quando/Onde eu usarei isso?”.
Esse sistema é impróprio, a sociedade evoluiu (em termos) e o ensino não a acompanhou.

Esse esquema de seleção, além de preconceituoso e hipócrita, é um tanto quanto inconstitucional.

Você não pode selecionar, através de uma prova estúpida, quem pode ou não estudar em uma universidade PÚBLICA. Isso é hipocrisia. Se é pública, é pública, oras!

Todos pagamos impostos para mantê-la, mas nem todos podemos usufruir a mesma, só os seletos.

Já ouvi diversas vezes coisas do tipo “Deveria ser só para pobres. O cara estuda a vida inteira no Bom Jesus, é claro que vai passar! E se ele tem dinheiro para pagar, deveria ser proibido de estudar na universidade pública.”.

Isso está certo e errado.

Certo: o cara estudou a vida inteira em colégio particular, foi preparado a vida toda para essa prova. É muito provável que ele passe.

Errado: ele também paga imposto, também tem direito de estudar em uma instituição pública; portanto, proibindo pessoas mais favorecidas financeiramente de freqüentarem uma instituição pública também é inconstitucional.

O certo seria uma universidade livre e aberta para todos. (Nunca esquecendo que também é fundamental melhorar o ensino todo, do básico ao médio, preparando as pessoas para a vida… ta, eu sei, eu sei… eu vivo uma utopia…).


* O professor Pedro leciona geografia no Curso Preparatório Dom Bosco, em Curitiba.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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