Resultado da enquete: Quem tem medo do HIV?

Há mais de 20 anos, a aids era um fantasma de toda a população sexualmente ativa. A epidemia, primeiramente chamada de câncer gay, alterou o modo de se fazer sexo em todo o mundo. A utilização do preservativo passou a ser generalizada. Os comportamentos de risco passaram a ser condenados, até grupos foram classificados como potencialmente perigosos. O preconceito e a discriminação mostrou a sua pior face, chegando a classificar a epidemia como uma doença divina enviada para castigar homossexuais.


O homossexual foi epicentro desta epidemia por um simples motivo: gays morriam de aids e heterossexuais de outras doenças. As redes de televisão e fotógrafos chegavam aos hospitais e encontravam os homossexuais jogados no sistema único de saúde, abandonados à própria sorte por suas famílias, e viravam facilmente personagens da tragédia da aids nos jornais e noticiários de TV. Reforçando assim o preconceito de que o hiv tinha sexo e orientação sexual. Pouco mais de 20 anos e milhões de mortos depois, a doença se mostrou democrática. Os mitos caíram, os discursos apocalípticos também, só a cura que não se fez presente.


O vírus, que é mutante, não permitiu a sua cura. Mas hoje, milhões de pessoas convivem com o vírus e têm uma vida quase normal. As campanhas de prevenção colocaram a camisinha por todos os lugares e homossexuais saíram na frente nesta luta, dando exemplo e fazendo um trabalho popular de saúde nunca visto antes.


A aids ainda é, porém, um fantasma na vida dos homossexuais. Pelo menos assim aponta a nossa pesquisa, realizada com mais de 110 internautas do site www.webapp76668.ip-50-116-63-163.cloudezapp.io. Você tem medo do hiv?, perguntamos aos nossos leitores.


61% afirmaram que têm medo do vírus, a maioria mesmo se protegendo sempre (37%). O que revela um medo irracional, já que a proteção seria a garantia de não contágio. Apenas 11% afirmaram que não têm medo em razão de sempre fazerem sexo com proteção. 22% afirmam ‘pirar’ sobre o assunto, ou seja, repetem exames ou ficam com pânico constante de contrair o vírus ou desenvolver a doença.


Quase 9% dos pesquisados afirmaram que não têm medo, pois mantêm relação estável e não utilizam o preservativo. Já 2,5% afirmaram que têm medo de ser traído pelo companheiro, com quem não utilizam o preservativo. Outros 2,5% afirmam que não têm medo do vírus pois existe remédio contra o hiv.  5% disseram já ter o vírus e pouco mais de 10% afirmou ser celibatário ou virgem. Nenhum entrevistado afirmou não ter feito o teste de detecção do hiv por não ter medo do vírus.


O medo ainda funciona, mas o não uso do preservativo ainda é encarado como forma de demonstração de confiança e amor entre casais homossexuais.


 

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa