Gênero e Diversidade

Redação Lado A 14 de Maio, 2007 13h52m

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* Lou Gottfried é transexual, professora de inglês e Socióloga pela Universidade de Cambridge, Inglaterra


O conceito de gênero diz respeito ao conjunto das representações sociais e culturais elaboradas a partir da diferença biológica dos sexos. Enquanto o sexo diz respeito ao atributo anatômico, no conceito de gênero se toma o desenvolvimento das noções de “masculino” e “feminino” como construção social.


Desta forma, torna-se possível abandonar a explicação da natureza como a responsável pela grande diferença que existe em relação ao comportamento e lugares ocupados por homens e mulheres na sociedade. Mesmo com a grande transformação dos costumes e valores que vem ocorrendo nas últimas décadas, ainda perduram muitas discriminações, muitas vezes ocultas, relacionadas a gênero.


Atualmente, se demanda a inclusão da categoria de gênero assim com a de etnia, na análise dos fenômenos sociais, com o fim de retirar a invisibilidade das diferenças que existem entre os seres humanos e que, às vezes, ocultam discriminações.


É de extrema importância lembrar que vivemos juntos em sociedade, homens, mulheres, gays e afins. Gênero e diversidade.


Para isso, um simples toque de bom senso pode ajudar a evitar conflitos.


Neste área de estudo, o preconceito e a discriminação se tornam, de uma certa forma, interessantes, pois mostram que, por muitas vezes, o ser humano age de formas que nem ele mesmo consegue explicar. Ele tem noção de que isto ou aquilo não é “certo” ou “correto” mas só porque ouviu falar, mas não sabe, ao certo, o porquê do correto ou incorreto. É importante lembrar que devemos conhecer o tudo, acreditar no pouco e criticar a verdade. Abrir a mente para o conhecimento, crer no que nos convém e criticar o que conhecemos e temos argumentos para tal.


Mas, será que é possível responder a estas perguntas:
O que é ser homem?  O que é ser mulher?  Quais as diferenças entre ser homem e ser mulher?   Quais dessas diferenças são biológicas? Quais são construídas socialmente? Quais as situações onde estas diferenças se tornam desigualdades?


O conceito de gênero começou a ser usado na década de 80 por estudiosas feministas, para contribuir com um melhor entendimento do que representa ser homem e ser mulher em uma determinada sociedade e em um determinado momento histórico.


Se falamos em sexo, pensamos imediatamente em um órgão, ou seja, já ao nascer o bebê tem um sexo definido. Quando nasce uma menina, sabemos que quando ela crescer será capaz de ter filhos/as e amamentá-los/as. Entretanto, segundo a socióloga Teresa Citelli, “o fato de desde cedo ela ser estimulada a brincar com bonecas e a ajudar nos serviços domésticos, por exemplo, não tem nada a ver com o sexo: são costumes, idéias, atitudes, crenças e regras criadas pela sociedade em que ela vive. A partir da diferença biológica, cada grupo social constrói, em seu tempo, um modo de pensar sobre os papéis, comportamentos, direitos e responsabilidades de mulheres e homens”.


Ainda segundo Citelli, “a grande vantagem de se usar a noção de gênero, é a de desnaturalizar relações consideradas até então do domínio da natureza, e dessa forma evidenciar o caráter social e cultural da hierarquia entre gêneros, que quase sempre favorece os homens. O que é considerado natural não pode ser mudado, mas o que é social e cultural pode ser alterado para corrigir desigualdades. Essa compreensão do conceito de gênero permite identificar em nosso cotidiano: quais são os símbolos atribuídos a mulheres e homens, quais as normas de comportamento que decorrem desses símbolos e quais as instituições que funcionam a partir dessas normas e – o mais importante – quais as conseqüências disso tudo na vida de mulheres e homens”.


Enfim, o conceito de gênero é, antes de tudo, uma construção histórica e social, cujas referências partem das representações sociais e culturais construídas a partir da diferença biológica de sexo. Se partirmos dessa premissa, podemos concluir que: se levarmos em conta que o feminino e o masculino são determinados pela cultura e pela sociedade, as diferenças que se transformaram em desigualdades são, portanto, passíveis de mudança.

Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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