Heterogenia na estética gay ou gaygenia na estética hétero

Já percebeu que a cada dia é mais difícil de identificar e diferenciar o hetero do gay? Pois é, agora tanto um quanto o outro tem corpo malhado, usa roupas de grifes, apertadinhas, são tatuados, falam gírias e têm peito depilado.


Em academias, onde há alguns anos era ambiente quase que exclusivamente para homens heteros, hoje podemos encontrar em certos horários verdadeiros lounges gays. E em raves, por exemplo, onde encontramos rapazes bombados, de peitos depilados, usando roupas Calvin Klein, Armani, Dolce & Gabanna e muitas vezes sem camisa nos levaria a crer que são gays. E, é aí que nos enganamos. Esses dois segmentos que não freqüentavam os mesmo locais, agora, se esbarram o tempo todo.


E então surge a dúvida: quem está imitando quem? Há alguns meses o jornal Folha de S. Paulo fez uma reportagem sobre esse mesmo assunto e entrevistou tanto gays quanto heteros para saber qual era a opinião de cada um. Eis algumas repostas: “Eles vêem que a gente é sarado, sabe se vestir, dançar, e está sempre rodeado das mulheres mais bonitas e desencanadas, e nos imitam para ver se conseguem se aproximar delas”, diz Diego Tavares, dentista, homossexual. Em contra-partida, a posição dos heteros é outra: “A maioria quer parecer com a gente porque nos acha bonitos, e também para passar despercebida. Gay sente atração por ‘homem-homem’, não por bicha afetada”, diz Fernando Piedade.


E você, o que você acha? Talvez, não seja nada disso. Talvez, os gays estejam buscando ter o corpo que eles próprios se interessam. Talvez, os heteros estejam quebrando os preconceitos, buscando valorizar mais sua saúde física e sentindo-se livres para usar a roupa que quiser apenas por estética. Não sei. Só sei que agora tenho até medo de paquerar um cara e não saber se ele também está me paquerando ou me “intimando”, rs.


Mas, o bom de tudo isso é que está havendo uma integração. O fato de o hetero e o gay dividirem o mesmo espaço, pode ser um sinal de que as coisas estão mudando. Pode ser que a tolerância esteja crescendo, que nós poderemos, um dia, nos sentar com nossos namorados em uma mesa de um shopping qualquer e trocar carinhos, assim como qualquer casal hetero faz. Sem o medo de que venha um segurança e nos peça para parar com aquele ato. Não sei o que está havendo, mas quero pensar que seja algo de bom.

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa