Curitiba em cor de rosa – Teaser

Mais um trecho do livro que escrevi para o meu trabalho final da faculdade, este, parte do capítulo de abertura. Minha banca será este sábado, dia 24 de novembro, às 15h, no Bloco C do Campus Barigui, da Universidade Tuiuti do Paraná, em Curitiba. Sinta-se à vontade para aparecer por lá.


Muito obrigado Oswaldinho
Na esquina da Travessa Jesuíno Marcondes com a Praça Osório, no Centro da Cidade, próximo à Rua das Flores, um palacete esconde um pedaço da história curitibana. Na mansão amarela de janelas brancas, com imponentes escadas que circulam um velho vaso de flores abandonado pelo jardineiro, mora o famoso Oswaldinho. Outrora, a casa foi habitação da tradicional família Camargo, que atuavam no ramo da pecuária, descendentes de uma linhagem de políticos que veio desde o vice-presidente da República Affonso Camargo até Affonso Camargo Neto, atualmente deputado federal, famoso por criar o vale-transporte.


“Osvaldinho está vivo” foi essa a frase que um dos entrevistados para este livro usou para resumir que um personagem, inegável parte da história dos homossexuais de Curitiba, ainda poderia ser encontrado. “Ele ainda passeia com seus poodles pela Praça Osório, deve ser a 10ª geração de poodle”, brincou a pessoa que não fazia idéia do achado que Oswaldo significaria para este livro. Outros citaram o casarão, o endereço, e a missão estava com uma prioridade: entrevistar Oswaldinho.


Três semanas de espera
No dia seguinte, por volta das 9 horas da manhã, de uma sexta-feira, vou até o casarão e bato palmas em frente. Um senhor, funcionário da limpeza pública, que estava de serviço na frente do endereço que eu havia conseguido, me dá a dica: “Abra o portão, suba as escadas e chame por Oswaldo”. Sim, era ali. A ansiedade chegou ao ponto máximo, depois de muitas palmas e latidas de diversos cães que se encontravam trancafiados dentro da casa escura e sem móveis, surge uma figura frágil, de passos curtos e arrastados, se aproximando da grande porta onde uma janela veneziana e grades nos separavam. Por alguns instantes não identifico se era um senhor ou uma senhora. Poderia ser uma enfermeira, pensei. A penumbra no interior da casa me dificultava ainda mais chegar a qualquer conclusão. “Seu Oswaldo?”, pergunto. Sim… responde a figura a minha frente com uma frágil voz em tom baixo, quase impossível de se ouvir em meio aos latidos incessantes dos cachorros que somavam três, entre eles um poodle branco (..)


Era a primeira vez que alguém entrevistava esta figura viva da história da cidade. E era, com certeza, a parte mais importante deste livro. Oswaldinho, para que as pessoas entendam todo o suspense criado em torno desta pessoa, é o homossexual assumido vivo de mais idade na cidade. Mais do que isso. Ao referir que alguém era veado ou 24, termos mais usados na época, falavam que a pessoa era um Oswaldinho.

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa