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Conhecido nos anos 80 como o “jovem terrível” da moda, o estilista Jean Paul Gaultier está prestes a completar 56 anos e continua mostrando-se forte e original como no começo. Agora, com Yves Saint Laurent fora da moda, aspira o trono de Rei de Paris.
O estilista francês, nascido em 1952, e queridinho de estrelas como Madonna, quem diria, tem em sua avó materna a figura mais incentivadora e de grande inspiração. O jovem Jean corria de um lado pro outro pelo salão de beleza da avó e parava fascinado diante das mudanças que as clientes experimentavam. Esta transformação servia de fonte criativa para ele, um autodidata, que recebeu uma educação tolerante e sua homossexualidade foi aceita sem problema algum por parte da família.
Logo começou a desenhar croquis, uma obsessão que o levou a conseguir um posto de assistente de grandes nomes do mundo da moda como Pierre Cardin, Givanchy e Patou. Porém Jean Paul, aos 22 anos, decide seguir seu caminho e apresentar sua própria coleção feminina, cujo gosto em combinar texturas delicadas, como o tule de seda ,com couro, por exemplo, fica evidente.
Cheio de confiança e com a ajuda de Francis Menuge, o homem que Jean Paul descreve como “o melhor” que passou em sua vida, em 1977 cria sua própria marca e desde então apresenta várias coleções, seja nas semanas de prêt-à-porter ou haute couture de Paris. Só em 1984 lança “Homem Objeto”, sua primeiro trabalho para o público masculino.
Jean Paul é um apaixonado por espartilhos, marca registrada de suas coleções. Via nas imagens de pin-up a peça valorizar os seios e os quadris das mulheres, e é nesse espírito que o utiliza, para colocar em evidência formas já existentes. Criou o figurino para turnê The Blond Ambition da Madonna, em que desenhou um modelo com bicos pontudos para a rainha do pop, que tornou-se um ícone fashion.
Numa entrevista à Vogue Paris, fala de sua aversão pelo esporte e qualquer tipo de esforço físico: “Eu tentei me exercitar algumas vezes, mas acho um saco! Na realidade, eu deveria ter dançado porque ao menos, pensa-se no movimento. O que me irrita é fazer um movimento por nada, só para estar em forma. Eu tentei o yoga, como a Madonna, que graças a esta prática tem um corpo maravilhoso, mas eu caí sobre um professor que começou a me falar sobre meu mantra e isso me bloqueou completamente. O lado muito espiritual, esse negócio de você ouvir seu próprio corpo, isso me cansa. Se eu ficasse escutando meu corpo, não faria mais nada durante o dia! Quando criança eu sempre dei um jeito de escapar das aulas de educação física. Meu esporte preferido era me alongar e assistir televisão. No fundo, é muito melhor colocar um salto agulha e fazer cara de esportista com um vestido chiquérrimo que ficar suando feito um louco.”
Em seu primeiro desfile, num ato de ousadia, fugindo do esteriótipo Twiggy, colocou na passarela modelos de todos os tipos, mulheres gordas, com curvas, magras, etc. Sempre privilegiando a personalidade sensual. Nesse jogo de formas individuais é pontual: “Me inspiro no fetiche! Fetichismo é, ainda, a moda, que provoca reações mentais. Ele prolonga o corpo com uma história, é uma mise-en-scène que lhe faz delirar, que centraliza o corpo e isso provoca reações de medo que podem se tornar em excitação. Particularmente, não me excita um corpo inteiramente nu. Um corpo a ser descoberto é muito mais perturbador.”
Em seu desfile na semana de Alta Costura em Paris, em janeiro, apresentou uma coleção que mergulha numa aventura aquática, onde plissados lembravam flores marinhas, algas eram chiffon flutuantes e os acabamentos remetiam à redes de pesca. Sem perder o jeito lúdico, impecável e irreverente de ser.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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