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Relacionamentos ainda existem?

Redação Lado A 10 de Junho, 2008 11h29m

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Certo dia um amigo me perguntou: “Em tempos de mudanças, porque tantas pessoas são inconstantes nos relacionamentos? Fidelidade ou infidelidade, o que é necessário para nós? O que é mais importante, ser fiel ou honesto?”

Realmente, está havendo uma grande confusão. Confunde-se sexo com amor, desejo sexual com carinho. A infidelidade anda solta. Ficar e namorar tornaram-se sinônimos de algo banal, sem perspectivas. Ninguém confia mais em ninguém e as pessoas têm interesses escusos em tudo, não se valorizam como deveria os relacionamentos, como se fossem descartáveis, enfim… só tristeza e desilusão aparecem.

Na maioria dos envolvimentos amorosos, já rola sexo no primeiro encontro, como se fosse algo essencial, como se dissessem: se for bom na cama será também no geral. Mas, vejam, em situações em que o sexo demora a acontecer, o relacionamento dura mais, enquanto se adia o encontro, o casal vai se conhecendo, surgindo mais entrosamento, mais carinho, tendo boa relação de convivência, aproveitando os momentos, e se estiverem em sintonia, tudo flui melhor. Não que isso seja necessário para faça o sucesso da relação, mas com certeza, pelo menos haverá um enredo diferente, podendo abrir caminho para um eterno entendimento seja de amizade ou de eterno amor.

Porque, percebam: para se ter no mínimo um bom relacionamento é necessário que ambas as partes tenham critérios como: Lealdade, Fidelidade, Respeito e Honestidade. Isso não deveria ser exigência, mas sim estar intrínseco nas pessoas, daí, não haveria necessidade de sempre cobrarmos e sermos cobrados nos relacionamentos, porque daí daria ao outro o que normalmente cobramos, tem que ter igualdade nestas cobranças.

Noto que somos movidos por medos, por traumas de relacionamentos frustrados pelos quais passamos e infidelidades gratuitas que rolam por aí.

Outro me disse: “Amor recíproco é difícil, a gente ama, mas não significa que é amado. O amor que idealizo é quase impossível de achar, vejo raros casos, é só olhar a nossa volta”.  Daí vem a descrença, o pessimismo, a frustração e a depressão. E muda-se o jeito de agir de muitos, “se é só pra curtir, vamos curtir”, pensam.

Os jovens homossexuais saem em ambientes gays que na “maioria” são ambientes de “caça”, propícios a isso, encontros rápidos sem  comprometimentos, promíscuos, e  isso gera  mais  vazio  interior, daí  quando  encontram  “aquela pessoa especial” que  julgam  ser, na  sua  ansiedade, vão com  muita  sede  ao pote, acham  que  já  estão  amando, e  se  entregam  totalmente  ao sentimento, por  carência, onde  muitas  vezes  se  machucam.

Eu aconselho cautela, menos ansiedade. O que é seu está reservado, não precipite acontecimentos, nada deve ser forçado. Valorize-se como pessoa especial que é. Merecedora de ser amada e que tem a consciência que fará alguém muito feliz. É isto que importa, não o que os outros pensam, o que  os amigos falam. Não se deixe influenciar, analise a situação, seu parceiro, se vale à pena investir.

Existem pessoas maravilhosas por aí, que bom se tivéssemos um “radar”
para localizar e o mais rapidamente amar a pessoa certa. Mas temos os sentidos, a capacidade de discernimento e, por isso,  devemos  conhecer  pessoas, como  se tivéssemos  garimpando, procurando  a  pedra  preciosa, o que  acontecerá mais  cedo ou  mais  tarde, tenha  certeza.

Ter alguém ao nosso lado na caminhada  da  vida é  tudo que  desejamos, e  que  esta  pessoa deverá  fazer  a  diferença  em  nossa  vida, e  nós  na  dela, sempre somando, crescendo juntos, sem  cobranças, sem  que  nos  anulemos em  prol do outro. Temos sim que ser maleáveis, tolerantes, sem perder nosso orgulho, nossa dignidade, nosso respeito e nossa auto-estima, senão realmente será um relacionamento do qual nos arrependeremos.

Enfim “queridos filhos”, assim os considero, AMOR existe SIM, e todos nós nascemos para amar e sermos amados, nossas caras-metades estão por ai a nos procurar. Nunca deixe de crer no amor de todas as formas, sem ele, nada tem graça. Lembre-se, você só de estar aqui presente nesse momento nesse planeta, tendo a chance, o privilégio e a felicidade de “existir”, de participar da “vida”, já deve ser motivo para se sentir grato, se sentir ESPECIAL.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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