Depois do escândalo com as travestis, o atacante Ronaldo Fenômeno teria passado por outra situação constrangedora, desta fez na sua própria festa de aniversário de 32 anos, na última segunda-feira, 22 de setembro. Em uma boate da Zona Sul do Rio de Janeiro, segundo a coluna “Gente Boa”, do jornal O Globo, ele teria tentado dar um beijo na boca de seu cunhado, Caio, e recebeu um tapa na cara como resposta. “Que que é isso, rapá, tu tá me estranhando?”, teria dito Caio e dado um empurrão no cunhado que estava sem camisa. Teria havido uma confusão posterior na festa que terminou com os seguranças do atleta e o ex-jogador Djalminha apartando uma encrenca.
Após ter saído de casa cedo para jogar futebol e construir sua sonhada carreira, o fenômeno chegou à seleção brasileira com 17 anos de idade. Provavelmente nunca teve tempo para pensar em muitas coisas na sua vida pessoal, foi forçado a assumir uma imagem condizente com o esporte que joga, a de homem viril e mulherengo. Talvez Ronaldo tenha se deslumbrado demais com o dinheiro e queira experimentar coisas novas, ou tudo não passa de uma invenção maldosa da mídia. Quem sabe ele sempre soube e agora tem tempo e coragem de externar. Ou mesmo ele nem sabe o que quer. Tudo é possível, somente Ronaldo para explicar.
Vale fazer paralelos. Morar em subúrbio e ser gay é muito complicado. Ainda mais em família numerosa. A desinformação é tamanha que os próprios gays têm dificuldade de aceitação. A violência e o preconceito dentro e fora de casa são enormes. Depois, no mundo do futebol com técnicos dizendo que não colocariam jogadores homossexuais em campo, com contratos publicitários milionários com cláusulas que condenam a sexualidade discordante da maioria ou escândalos sexuais, entre outras pressões, seria compreensível se alguém famoso não quisesse ser ou assumir-se homossexual.
Se Ronaldo é homossexual ou não, isso não vai mudar sua história como melhor jogador do mundo, ou mesmo tirar seus méritos. Tenho a certeza de que se existisse algum problema emocional causado por este “segredo” e resolver esta questão mudaria sua má fase nos campos, ele teria total apoio da mídia e da imprensa. Talvez ele não tenha noção do que ele significa. As crianças não querem mais ser o Ronaldo (querem ser o gaúcho agora) mas ele tem um forte carisma e poder político, poderia ajudar muitas pessoas se ele realmente fosse gay e se assumisse.
Mas as coisas estão mal explicadas e isso pode criar mais confusão ainda. Apesar de ser pai de um menino, ter outro filho encomendado, crescem as especulações sobre sua sexualidade. Talvez Ronaldo devesse falar sobre o assunto, de coração aberto, e tirar a dúvida dos fãs. Ou então parar de armar confusões com o tema, esclarecer as coisas ou mesmo tocar o dane-se em todo mundo mas mostrar seu futebol. Não basta ser, é preciso parecer, já dizia um ditado do meio político que resume bem a questão. Ele precisa virar o pai exemplo, ter um relacionamento durável com sua nova namorada, ou ser e parecer quem ele é realmente.
Ronaldo tem uma das maiores fortunas individuais no mundo dos esportes e pode se dar ao luxo de fazer o que quiser. Até mesmo dizer o que é, o que não é, que é os dois, continuar a jogar, comprar um time ou se aposentar. Se ele for mesmo gay, com certeza, essa dúvida é o que está consumindo seu rendimento como atleta. Chamamos de “peso do armário”, pois cedo ou tarde o ser humano quer respirar ar puro.
Se ele é gay? Eu acredito que não. Gays são felizes e ele não me parece nada feliz. É mais uma vítima da fama, que nem sabe quem é.