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Relatório: 190 gays mortos no Brasil em 2008

Redação Lado A 15 de Abril, 2009 20h04m

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Segundo o relatório anual do GGB (Grupo Gay da Bahia), ONG brasileira mais antiga em defesa dos direitos homossexuais. Em 2008 foram documentados os assassinatos de 190 homossexuais no Brasil, 55% a mais do que no ano anterior (122).

Muito se tem falado em diversidade, direitos e deveres e embora todo este apelo pela igualdade parece ainda não ter sortido o efeito esperado. Apesar do aumento das paradas gays, da eleição de cinco vereadores assumidamente homossexuais ou transexuais, e do governo Lula ter instituído o Programa Brasil Sem Homofobia, a violência anti-homossexual vem crescendo nos últimos anos, sobretudo no Nordeste: Pernambuco voltou a ser o estado mais violento contra homossexuais, com  27 assassinatos, seguido da Bahia com 25, São Paulo com 18, Rio de Janeiro com 12.

Sergipe é o estado que ofereceu maior risco de morte para travestis e gays em termos relativos, pois contando com aproximadamente 2 milhões de habitantes, registrou 11 homicídios, enquanto Minas Gerais, dez vezes mais populoso (20 milhões), teve 8 gays assassinados. Infelizmente o Nordeste ainda é o considerado o estado mais homofóbico do país. Registra 30% da população brasileira e contabilizou  48% dos GLBT assassinados.

A região Norte contou com 10% dos homicídios, seguida da Centro-Oeste com 14% e o Sudeste/Sul com 28%. O risco de um homossexual nordestino ser a próxima vítima é 84% mais elevado do que no Sul/Sudeste.

Um assassinato a cada dois dias. Enquanto em 2007 documentou-se uma morte a cada três dias, agora estes crimes ocorrem dia sim, dia não. O número verdadeiro deve ser muito maior, pois estes dados baseiam-se em notícias de jornal e internet, já que não existem estatísticas governamentais sobre crimes de ódio no Brasil. Este relatório é realizado pela ONG GGB desde 1980, e desde este ano até 2008 foram documentados 2998 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil, concentrando-se 18% na década de 80, 45% nos anos 90 e 35% (1168 casos) a partir de 2000.


Em 2008, os gays representaram 64% das vítimas, 32% travestis e 4% lésbicas. Proporcionalmente, as “trans” representam a categoria mais vulnerável, pois enquanto os gays e lésbicas devem representar mais de 20 milhões de brasileiros, as transexuais e travestis, segundo cálculos de suas próprias associações, representam por volta de 30 mil indivíduos. O cenário dos crimes contra homossexuais indica que os gays em sua maioria (45%) são assassinados dentro da residência, 31% vítimas de facadas, mas também estrangulados e espancados.

Em Goiânia, o vendedor Clovis Mauro, 46 anos, foi morto com mais  30 facadas no peito e pescoço. Entre os assassinos de GLTB em 2008 predominaram os garotos de programa, vigilantes, pedreiros. Para o Presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, “há solução contra os crimes homofóbicos: ensinar à população a respeitar os direitos humanos dos homossexuais, exigir que a Polícia e Justiça punam com toda severidade a homofobia e, sobretudo, que os próprios gays e travestis evitem situações de risco, não levando desconhecidos para casa, evitando transar com marginais.” O GGB disponibiliza em seu site www.ggb.org.br  o texto “GAY VIVO NÃO DORME COM O INIMIGO”, ensinando como evitar ser a próxima vítima. Em 2009, até o momento já foram documentados 48 homossexuais assassinados.

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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