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Livro conta história de primeiro casal do mesmo sexo a se casar na Espanha

Redação Lado A 09 de Dezembro, 2009 19h25m

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O livro “Elisa e Marcela – além dos homens” de Narciso de Gabriel, lançado na Espanha em 2008, ainda sem tradução para o português, é um trabalho de pesquisa sobre a vida de Marcela Gracia Ibeas e Elisa Sánchez, mais tarde Mário, que se casaram em 1901. Mais de cem anos depois a história sai do armário. Mario e Marcela fugiram da perseguição teriam morrido na Argentina, onde se auto exilaram.


Era 08 de junho de 1901, em A Coruña, segunda maior cidade da Galícia, Elisa e Marcela se casaram em uma igreja católica. Elas se conheceram no Magistério, eram ambas professoras. O fotógrafo Sellier, registrou as bodas e a foto é incrível, o primeiro registro de um casamento gay.


Elisa se vestiu de homem para enganar o padre e realizar o sonho de casar. As duas foram perseguidas pela Justiça e Elisa chegou a ter seu internamento decretado “a fim de não espalhar a doença”. Um livro de 1903, Sede de amar, já contava a história da duas mas elas não encontraram muitos apoiadores e decidiram se mudar para a Argentina. Os trabalhos de pesquisa não entram em consenso sobre a data de mudança ou o que aconteceu com a dupla na América do Sul. Fala-se que Marcela, após a morte de Elisa, teria se casado com um homem.


Elas se conheceram em 1885, na Escola Normal de La Coruña, onde Marcela, com 19 anos, filha de um capitão do Exército, cursava o terceiro ano do Magistério. Já Elisa era parente da diretora da escola e filha de um professor de inglês falecido. A família de Marcela percebeu o amor entre as duas e a mandou para Madrid por alguns meses. Quando se reencontraram, já formadas, elas moraram juntas por várias cidades.


Briga de famílias e escândalos foram constantes na vida das duas jovens. Elisa teria se vestido de homem durante as festividades do Carnaval e resolveu assumir o papel masculino no ano seguinte, em 1901. Neste ano Elisa foi batizada e comungou, preparando-se para casar-se. Em 20 de junho, o jornal La Voz de Galícia colocou em sua primeira página a farsa do casal de mulheres e elas não tiveram mais sossego. O jornal colocou “um casamento sem homem” e suas edições esgotavam quando abordaram o assunto nos dias seguintes. Outros periódicos e revistas exploram o tema em exaustão. A polícia e a Justiça são pressionadas a agir pelos conservadores moradores. A notícia roda todo o país e causa alvoroço.
 
Os jornais a chamam de doentes e pedem a internação das duas, com base em médicos e estudos da época. Alguns pais defendem as professoras e chegam a dizer que elas tem direito a uma vida privada. Com medo de linchamento, elas planejam fugir durante uma madrugada. Nesse momento, um juiz abre um inquérito sobre a farsa do casamento e acusa até os padrinhos de conspiração. Elas foram detidas próximas a fronteira com Portugal e dali a história fica obscura. Não há provas do embarque para a Argentina, apenas relatos da embaixada que elas teriam conseguido chegar à America do Sul.

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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