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Performance de alunos de Artes Cênicas contra homofobia é interrompida pela polícia em Ouro Preto

Redação Lado A 27 de Maio, 2010 21h43m

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No dia 13 de maio, durante a realização dos debates “Diversidade Sexual e Coisas do Gênero” e “O Eu feminino Hoje: Questões sobre a mulher na contemporaneidade”, organizados pelo do Diretório Central de Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), um grupo de alunos de Artes Cênicas resolveu incorporar o tema em duas performances. Uma delas, com uma garota de calcinha, fez com que a polícia posse acionada e a manifestação interrompida.


As apresentações foram no Instituto de Ciências Exatas e Biológicas – ICEB, onde ocorriam os debates que tinham como objetivo combater a desigualdade e preconceito contra gays e mulheres. Em uma das performances, uma aluna se despia, ficava de calcinha com o seios à mostra, e rabiscava o corpo simulando as marcações de cirurgias estéticas, feitas por cirurgiões plásticos, em uma clara referência a busca desenfreada pela “perfeição” e crítica ao padrão de beleza atual.


Na outra esquete, mais bem humorada, os alunos ironizaram as placas que os calouros da UFPO usam ao procurar uma república para morar, quando chegam à Universidade. Normalmente a placa diria “Sou o bixo Fulano e batalho vaga na república tal” mas na brincadeira, com objetivo de combater a homofobia, os alunos andavam pelo campus com a seguinte frase: “Sou bicha e batalho vaga contra a homofobia na UFOP”. Isso entre beijos gays e homens travestidos. Apesar das suas performances terem sido previamente autorizadas, a reação de alguns alunos e funcionários da Universidade acabaram encerrando a manifestação. Sem violência, o assunto acabou sendo discutido dias depois no site de relacionamento Orkut.


Na comunidade de UFOP, alunos acusam os participantes do evento de apelativos, entre declarações homofóbicas e total falta de sensibilidade artística ou acadêmica. Alguns apóiam a intervenção da polícia e outros chegam a conclamar passagens bíblicas ou o direito da maioria. Chegam a pedir o jubilamento dos alunos envolvidos e até mesmo a saída da curso de Artes Cênicas do campus da Universidade. Infelizmente, mais uma vez se mostra como a Educação no país é fraca e insuficiente. Parabéns pelos alunos que tiveram a coragem de se expor e mostrar que a arte, antes de ser bela ou agradar a alguém, deve provocar a catarse.


Veja a discussão no Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=34563&tid=5470819588059482843&na=1&nst=1

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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