Arquivo

Por que as mulheres amam demais?

Redação Lado A 01 de Junho, 2011 21h11m

COMPARTILHAR


Em toda a história, a mulher sempre foi vista como o sexo dado ao frágil, aquela que deve ser protegida, aquela que está sempre a um patamar abaixo do homem. Hoje, a nova sociedade, sobretudo a ocidental tem mostrado, por meios de revolução ou não, que a mulher pode atingir o mesmo lugar que o homem, seja este na posição profissional ou até mesmo de manter a família, dentro de um contexto social. Mas e quanto ao sentimento? A mulher realmente assumiu um papel masculino quanto a sua necessidade de ser precisada e precisar?
Como resposta a esta pergunta teremos sempre um não. Através de estudos sociológicos, desde a primeira civilização até os dias de hoje, temos exemplos de que a mulher sempre assumiu papéis frágeis, de cuidar da prole e de seu amante, confortando a todos e sendo sempre a mãe. Na antropologia, acredita-se que a mulher, ao se tornar mãe, deixa de ser a esposa e encara a personagem de mãe, cuidando não só de sua cria, mas também de seu esposo.

Em contrapartida, encontramos civilizações onde a mulher tem um papel importante, decisivo na sociedade. Há também casos de poligamia praticado por mulheres. Mas o sentimento feminino é diferente?
Mas, deixando a ciência a parte, de onde vem todo este amor? O que é todo este amor?

Se entrarmos na literatura, teremos grandes nomes e provas de amor, tanto como Romeu e Julieta, mas, este romantismo todo surgiu do que? O que deixou este romantismo bonito? O desastre, a morte pelo amor. Mas quem morreu primeiro? Julieta, claro, para tentar resgatar seu amor, mas por infortúnio do destino, Romeu não percebeu a artimanha montada por Julieta e morre ao saber da morte de sua amada.

Em Tristão e Isolda, vemos Tristão morrendo pela “vingança de Isolda”, que mandou velas pretas para se vingar e, ao ver que seu amor o havia abandonado, Tristão morreu de desgosto. Mas, neste episódio, quem foi que encomendou a morte de Tristão?

Não só colocando a literatura em jogo, mas também a história. Temos grandes mulheres que pelo amor, e também pelo poder, estiveram presentes para mostrar que se entregavam de corpo e alma, àquilo que acreditavam. O que era Evita, a frente de um país que na época só podia comandar por trás de seu amado?

E o que falar de Eva Braun, fiel seguidora de Hitler, que seguiu seu amor até sabe-se Deus onde, pois a história descreve um falso suicídio do mesmo, seguido pelo dela.

Mas, até então, citei nomes conhecidos que, nobremente, agiram por amor. Mas quantas Marias, Joanas, Carolinas, Rafaelas, Angélicas, Sandras, Karinas estão por aí, amando e sofrendo ao mesmo tempo? É por essa razão que venho dizer o porquê as mulheres amam.

As mulheres, independente de sua orientação sexual, amam pelo simples fato de querer compartilhar o que têm e cuidar do mesmo. Elas amam por serem simples, por representarem o que sentem, por ter a habilidade de expressar seus sentimentos através de atos que, muitas vezes incompreendidos, se confundem com pressão, com obsessão.

Mulheres amam por querer ter sempre seus amados ao lado, independente do quanto lhes custem isso, mesmo que lhes custe a vida.

Mulheres amam por amar, por não saberem o que isto significa em suas vidas, elas não querem saber o significado.

Mulheres amam porque geraram a vida àqueles que amam. Seus filhos. Elas o tiveram em seu ventre por nove mese
s e os sentiram pular, sentiram viver, pela primeira vez.

Mulheres se preocupam com seus amados por este motivo também, porque a elas foi dado o poder de gerar a vida, por isso não podem ver a vida se esvair aos poucos.

Mulheres amam pela necessidade do calor humano, de ter um corpo ao seu lado, por precisarem de um abraço.

Mulheres amam não pela necessidade de uma noite, de ter um corpo ao seu lado por um momento, a menos que este momento valha por todos os momentos de sua vida. Se um segundo amando valer mais que um ano de sofrimento, meu caro leitor, ela vai amar este segundo e vai guardá-lo para a vida toda.

Por isso meu amigo, desde o tempo da cortesã, e aí vai um conselho, uma citação dada pela bíblia, em seu Provérbios 5: “Pois os lábios da mulher destilam mel; sua voz é mais suave que o azeite,mas no final é amarga como fel, afiada como uma espada de dois gumes.”
Mesmo a prostituta sente a necessidade de ter um amado, não apenas um amante. Ela quer ser amada em todos os seus sentidos.

A mulher ama o ser amado. Ela ama ser amada. Ela quer ser amada, independente das condições que lhes são impostas. Por isso temos as amantes, aquelas que se sujeitam a momentos de amor, que não encontram em outros que lhes proporcionam apenas momentos de sexo. Por isso se colocam na condição de colher a migalha de amor daquele que é casado, mesmo que seja por um instante.

Elas amam mesmo aquele que é errado. Aquele que vai lhe trazer problemas mais tarde, por verem nele algo que nunca encontraram. Elas pagam o preço disso para terem aquele que, por uma sorte, encontrou alguém que suportasse seu fardo e então o acolhesse em sua cama, em sua vida.

Elas têm o poder de amar aqueles que lhes deram filhos, mas nunca tomaram a posição de pai, sendo também seus filhos, aqueles que elas também têm que cuidar. Aqueles que trazem à sua casa doenças que buscaram fora. Aqueles que beiram a morte e, mesmo assim, têm na sua volta de aventuras, aquela que vai procurar entender, ou não, mas simplesmente cuidá-los e confortá-los nos momentos de dor e tristeza.
Elas amam aquele que se droga. Aquele que vende tudo em casa atrás de seu próprio prazer, esquecendo do prazer dela. Ela faz isso pelo simples fato de acreditar que aquele é a pessoa que ama e que a ama, de seu jeito.

Agora pergunto, mesmo depois de todos estes motivos. Por que uma mulher ama?

Ela ama pelo fato de ver que, mesmo com vários motivos para não amar, seu amado ou sua amada está de volta, aos seus braços e sabe que é forte o suficiente para abraçá-lo e então dar o conforto que só ela pode fazer. Ela está pronta para dar a segurança a ele ou ela que, por um minuto de descuido, se desviou de seus princípios que, para a mulher, foi apenas um descuido. Para ela, não foi um erro, foi apenas um momento não pensado. Ela está ali, para agüentar a traição, porque acha que isto foi apenas uma tentação que aconteceu e que não mais acontecerá. Se foi a droga, foi apenas um momento frágil, mas que ela consegue mostrar ao amado que isso não é bom e um dia ele compreenderá. A amante ainda sonha que um dia terá seu amado, mesmo esquecendo que um dia poderá ser traída.

É, caro leitor, o mundo da mulher é complexo, pois sempre terá uma razão para o que não se consegue compreender.

Ofereço este texto a todas. A todas as Nádias e Marias, que são gays e amam suas amadas, da forma que são, com suas fortes ou simples personalidades, mas amam o que elas simplesmente são, inteligentes e audazes.

Ofereço este texto a todas as Sandras e Marias, que esperam pela recuperação de seus amados, que se livrem do que os entorpecem e os desviem do caminho e então vivam felizes.

Ofereço este texto a todas as Karinas e Marias, que esperam por um mundo melhor a seus filhos e que seus homens se encontrem como homens, e não como adolescentes iguais a seus filhos.
Ofereço este texto a todas as Julias e Marias, que são transexuais e esperam por um amor que as veja como mulheres e não objetos de prazer e curiosidades ou fantasias.

Enfim, ofereço hoje a todas as mulheres que passarão o dia dos namorados sem um namorado, porque, afinal de contas, nunca passaram o dia do índio com um índio, nem o dia da arvore agarradas a uma arvore, nem o natal com o papai Noel e muito menos a páscoa com o coelhinho.

Mulheres, amem, pelo simples fato de amar. Se levarmos em consideração a literatura, com suas tragédias de Tristão e Isolda, Romeu e Julieta, ou a vida cotidiana de Marias que sofrem por seus amores por serem amantes, ou por terem seus amores afogados nas drogas ou por terem seus maridos como filhos, chegaremos a pergunta: Por que amar?

Eu respondo: Porque amar é muito bom!

Amem, pelo simples fato de amar…

Este artigo é dedicado a grande amiga Angélica Suzarte, a inspiração deste texto.


 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

COMPARTILHAR


COMENTÁRIOS