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Cães, gatos e as relações interpessoais

Redação Lado A 02 de Novembro, 2011 19h52m

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Rezam os conhecimentos da psicologia animal que cães e gatos desconhecidos raramente se entendem, pois para os caninos, orelhas em pé é sinal de agressividade, enquanto para os gatos, são as orelhas abaixadas significa hora de brigar. Mesmo que se aproximem em tom de amizade, um vai entender exatamente o contrário do que o outro ser está querendo dizer. Cada animal tem a sua linguagem corporal própria e erros de comunicação são responsáveis por estes atritos. Entre os seres humanos, essas diferenças recebem o nome de bagagem cultural ou mesmo personalidade.

Se para determinada pessoa, falar de viagens, do que comprou, de marcas, conquistas, entre outros pode parecer algo natural, há aqueles que acham isso muito fútil, ostentador e metido. Outros não cumprimentam a todos, e há pessoas que não deixam de falar com todo mundo. Há os que falam pouco, os que não param de falar, os que falam alto e os que sussurram. Essas diferenças criam os laços, a empatia do primeiro contado com uma pessoa. A primeira impressão pode não ser a que fica mas, definitivamente, ela marca, imprime um atributo ao novo conhecido, pode até causar repulsa infinita. Muitos chamam de preconceito, e não deixa de ser.

Ao conhecer alguém, categorizamos a pessoa com o que acreditamos que ela seja. Comparamos com experiências passadas, o nome, as feições, o timbre de voz, tudo isso nos lembra de outras pessoas, e então comparamos subliminarmente como essa pessoa deve ser. Este mecanismo ajuda, ao mesmo tempo que atrapalha. Classificamos pessoas, isto é claro, ao primeiro contato queremos saber se podemos nos sentir seguros, se o indivíduo será aceito no grupo, se temos afinidades, e por este motivo também nos moldamos ao se aproximar de alguém.

Há quem faça voz mais doce ao telefone, que use maquiagem, que chegue a inventar motivos para se tornar mais apreciável ou interessante. Há aqueles que malham horas por dia, que estudam em demasia, ou que busquem mostrar sucesso por meio de roupas ou bens materiais. Tudo isso para ser aceito, fugir da solidão ou da rejeição, um dos sentimentos mais difíceis de se lidar: o de não ser aceito. Entre os animais selvagens e supostamente irracionais, vale a lei da força, da imposição. Será mesmo que eles não sentem a rejeição? Por que alguns lutariam até a morte para fazer parte de um clã, se poderiam viver sozinhos ou mesmo em outro grupo?

Queremos sempre o que os outros possuem: um amor, a roupa da moda, estar na área VIP, muitas vezes sem perceber que a falta não nos faz diretamente inferiores ou infelizes, mas queremos mesmo assim. Ser aceito é importante, é como ter os mesmos direitos, é como poder comprar aquele aparelho inútil que todo mundo tem, ter tevê a cabo sem usar, ou mesmo um celular que faz coisas que desconhecemos. Seja cão, seja gato, ou humano, a rejeição parece ser como a morte. Então lutamos e usamos artifícios para nos sentirmos aceitos, mesmo que a aceitação seja algo tão subjetivo e indeterminado, ou custe um pouco mais do que podemos pagar mas que pode ser parcelado no cartão.

Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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