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Homossexualidade – Doença, pecado ou mera forma de expressão da sexualidade?

Redação Lado A 06 de Fevereiro, 2012 23h58m

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A intimidade sexual e afetiva entre pessoas do mesmo sexo sempre existiu. Os termos homossexuais, gays, lésbicas, bissexuais entre outros, surgem em determinado momento histórico para demonstrar algum sentido, muitas vezes pejorativo, tais como perversão, doença, anomalia, safadeza, entre outros.

Até meados do século XVII, conhecia-se pelo nome de sodomia a prática de relação sexual anal entre homens e isto era considerado como pecado. Hoje, em alguns países, ainda é considerado crime. Entretanto, em outros lugares como China, Japão entre outros, o ato sexual entre dois homens estava eivado de poder e conhecimento. O homem mais velho e sábio exercia a posição ativa de penetração, enquanto o mais jovem ficava na posição passiva. Em alguns locais da América Latina a prática da sodomia não está ligada a uma relação homossexual, apenas é uma relação entre homens, em que um deles é penetrado, assumindo um papel feminino. Doutrinadores mencionam que existem pesquisas que chamam esta prática de Homem-Sexo-Homem (HSH).

Destaca-se que os termos sodomia e HSH referem-se à prática sexual cujos adjetivos relacionais muitas vezes são taxados de pecaminoso, criminoso, com exclusão de qualquer afeto e vínculo, além de ser um ato eminentemente masculino. Após o surgimento da terminologia homossexualismo – final do século XIX – acrescentou-se mais um valor negativo – doença mental. Além disso, a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo, que até então era restrita apenas aos homens, passou a ser estendida também para as mulheres, como também foram acrescentados na relação o vínculo e o afeto.

Muitos estudiosos do tema questionam o motivo de uma expressão da sexualidade humana receber o significado de patologia. Em meados do século XVIII a família era composta para procriar, segundo os ensinamentos religiosos, como também para proteger o patrimônio. Além disso, eram ditados comportamentos e funções esperados para cada gênero especificamente. Assim, qualquer relação sexual que não fosse homem e mulher para cumprir aquelas finalidades era tida como doença, pecado, um ato perverso e criminoso. Os terapeutas pretendiam curar os homossexuais. Somente em 1973 a Associação Psiquiátrica dos Estados Unidos riscou a homossexualidade de sua lista de patologias. No ano seguinte, no mesmo caminho seguiu a Associação de Psicologia. Enquanto que apenas em 1992 a Organização Mundial de Saúde retirou o homossexualismo da lista de doenças mentais. Essas organizações reconheceram, em seus manuais de diagnóstico, que a pessoa que não aceita sua homossexualidade pode sofrer de depressão, ansiedade e outros problemas psicológicos, mas se ressalta que estes derivam de pressões familiares e sociais e de conotações negativas geralmente associadas à homossexualidade.

Partindo do pressuposto de que família, papéis na sociedade, entre outros, são construções sociais, então é possível reconstruir o significado do homossexual como uma forma de expressão da sexualidade humana. O termo homossexual, como antagônico ao heterossexual, afastado de sentidos negativos e percebido como uma forma de exercer a sexualidade, em nada impede que este sujeito tenha direitos e deveres como qualquer outro cidadão. Aos preconceituosos, deveria ser anotado que caráter e sexualidade não estão no mesmo plano e que direitos e as responsabilidades devem ser os mesmos para todos.

Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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