Confissões de um trintão

Por Leandro Allegretti
 
Resolvi abrir meu coração. Vamos lá, primeira confissão: tinha pensado em começar este texto te perguntando: “o que te brocha num relacionamento amoroso?”.
 
Como não poderia ouvir sua resposta enquanto escrevia, resolvi te dar a minha: o que me brocha é quando não dá certo. Serei menos óbvio. Segunda confissão: me brocha quando quero muito ficar/namorar com alguém e a pessoa diz: “você é legal, engraçado, inteligente, mas te quero como amigo”. 
 
Em qual planeta é normal tomar um fora do tipo: “você tem os requisitos pra ser um namorado incrível, mas te prefiro como amigo”? E mais: por que diabo quem me quer não me atrai? (É sempre o contrário).
 
Gostaria de deixar uma coisa bem clara aqui: se o universo, Deus, Buda, Dalai Lama ou quem quer que seja, está tentando responder a todas as minhas perguntas, por favor, desenhe. Terceira confissão: não estou entendendo nada. 
 
Às vezes penso que… Quarta confissão: preciso maltratar e pisar nos homens para me tornar atraente aos olhos deles. Ser legal, companheiro, inteligente, engraçado e um tanto romântico parece não ser o bastante no planeta em que vivemos.
 
Quinta confissão: Aos 31 anos pensei que seria mais fácil me relacionar amorosamente… Mas, não. Sexta confissão: sou pobre e não posso ir pra Índia encontrar com meu “eu interior”, o jeito será ir ao Ibirapuera, respirar poluição e ser atropelado por um boy magia, que se não se tornar meu namorado (do jeito que vemos nos filmes românticos) pelo menos virará um próximo texto mais positivo aqui, do tipo: “fui atropelado por uma bicicleta no Ibirapuera e sobrevivi…” Esse texto começaria assim: Berenice, segura, nós vamos ser atropelados por uma bicicleta no Ibirapuera. Nada mais me lembro.
 
Sétima confissão: sei que faz parte da vida levar foras e gostar de quem não gosta da gente. Faz parte do crescimento, da evolução, saber que nada é do jeito que queremos. Que ninguém é obrigado a se apaixonar pela gente. Mas ouvir “o problema sou eu, não é você” não ajuda em nada, já que sempre pensamos o contrário. Libertador seria responder: “é isso aí, o problema é você, seu doido. Vai se tratar”, mas isso seria bem deselegante, né?
 
Oitava confissão: cansei de confessar, nem quando fui coroinha da Igreja Católica confessava tanto assim.
 
Leandro escreve pro blog doqueosgaysgostam.com e está de saco bem cheio

 

 
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