Luiz Modesto é de Maringá e quer ser o primeiro vereador gay assumido eleito no Paraná

Luiz Modesto tem 31 anos, cursou até o último ano de Ciências Sociais na Universidade Estadual de Maringá (UEM), e é o criador e editor do site Maringay. Ele atua como jornalista e é blogueiro e colunista do jornal Folha de Maringá. Como um dos organizadores da primeira Parada LGBT de Maringá, provou saber colocar sobre a mesa as reivindicação da comunidade e chamar atenção para elas. Ele tem um sonho: ver Maringá livre da homofobia, do machismo e do racismo. Seu nome é uma das esperanças da comunidade jovem da cidade que quer colocar terceira maior cidade do Paraná na trilha da modernidade, com uma visão de futuro e voltada para a inclusão social. Conheça um pouco mais sobre esse jovem de respeito:

Lado A – Como você se assumiu gay?
Minha mãe contava uma história que, certa vez, quando eu tinha nove anos de idade, ela foi ao salão de beleza e me levou junto. Enquanto eu folheava gibis esperando que ela fosse atendida, uma das cabeleireiras brincou comigo dizendo: “que gracinha, quando crescer, casa comigo?” e eu respondi: “Não, quando eu crescer vou casar com um menino”. Minha mãe foi para casa, contou para meu pai, riram juntos e deixaram que as coisas acontecessem.
 
Lado A – Quais as suas principais propostas como candidato a vereador?
Antes de efetivarmos a candidatura, formamos seis grupos de trabalho para construirmos as propostas, cada um deles com pessoas que conhecessem os temas ou que tivessem interesse. Tratamos das nossas demandas (LGBT, mobilidade urbana, proteção dos direitos e bem estar dos animais, acesso a cidade e equipamentos urbanos, políticas para as mulheres, direitos da juventude e proteção da atividade comercial de entretenimento e lazer). Os trabalhos destes grupos resultaram em 53 propostas distribuídas nos 6 eixos de trabalho, disponíveis no www.luizmodesto.com.br 
 
Lado A – Gays devem votar em gays?
Isso é relativo. O Deputado Jean Wyllys escreveu um artigo alguns meses atrás tratando o assunto, e falava do grande problema que existe em alguns lugares onde partidos assumidamente contrários aos direitos LGBT recrutam candidatos gays, lésbicas ou travestis para “puxar voto” para seus candidatos homofóbicos.
 
É importante que o eleitor LGBT se intere das propostas e do histórico de lutas de seu candidato, se ele tem compreensão dos problemas da cidade, se o prefeito que ele apóia assumiu compromisso de implementar políticas públicas de combate a homofobia, machismo e racismo e se o partido dele tem uma postura religiosa fundamentalista. Outra coisa é observar o material de campanha do candidato e assisti-lo no horário eleitoral para ver se ele trata das nossas demandas em suas propostas.
 
Vale também dizer que, quando o eleitor LGBT identificar um candidato que contemple seus anseios, o legal é participar da campanha, sair do armário também para pedir voto para seu candidato. Cada campanha de um candidato LGBT tem a chance de trazer o assunto aos holofotes, gerar debate e esclarecer a população
 
Lado A – Como deve atuar um vereador gay? 
A ABGLT orienta os políticos LGBT e aliados a proporem projetos que combatam a homofobia, previnam as DST/AIDS e criem espaços de reivindicação e de participação nas instâncias de decisão, como os conselhos municipais, estaduais e federais. Além de cumprir com essa agenda que vai ao encontro das diretrizes que nossa associação defende nacionalmente. O vereador gay precisa atuar de forma a integrar as demandas LGBT com as demais questões pertinentes a cidade. Os cidadãos LGBT também usam transporte público, também precisam da rede de saúde, educação, esporte, eles envelhecem… e nada mais justo com aqueles que te elegeram do que se manter antenado aos demais assuntos da pauta política da cidade e participar das decisões visando o melhor para a população.
 
Lado A – Qual a sua qualificação para ser vereador?
Desde 2005 participo do Coletivo LGBT de Maringá, que dá suporte às vítimas de homofobia, acolhe jovens expulsos de casa por preconceito familiar e intervém junto aos órgãos públicos para construir políticas de combate a homofobia e prevenção e tratamento de DST/AIDS em Maringá. Realizamos a I Semana de Combate a Homofobia em parceria com a UEM e sindicatos, onde foram realizados debates e ações que abordavam o tema. Participei da comissão que organizou a I Parada LGBT de Maringá, que levou mais de 8 mil pessoas para as ruas da cidade numa festa pacífica e de caráter reivindicatório. Atuei junto a Câmara Municipal de Maringá para a formação de uma Frente Parlamentar LGBT com mais de 70% dos vereadores, possibilitando a aprovação do Dia Municipal de Combate a Homofobia e da apresentação do Projeto Escola Sem Homofobia municipal. Estudei Ciências Sociais na Universidade Estadual de Maringá e ali participo desde 2004 do Observatório das Metrópoles – Núcleo Região Metropolitana de Maringá, onde desenvolvi projetos referentes ao planejamento urbano, saneamento, habitação, mobilidade urbana, violência e movimento pendular de trabalhadores entre as cidade próximas a Maringá.
 
Para saber mais sobre este candidato:www.luizmodesto.com.br
 
 
 
 
 
Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa