O militante gay goiano Lucas Cardoso Fortuna, 28 anos, um dos ativistas gays mais participantes do meio acadêmico, jornalista por formação e integrante da comissão de organização do Encontro Nacional Universitário da Diversidade Sexual (ENUDS) por diversas vezes, foi encontrado morto neste domingo na Praia de Calheta, em Cabo de Santo Agostinho, a 40 km ao Sul do Recife. Segundo o grupo Leões do Norte, é a segunda morte de homossexual na cidade no mesmo fim de semana. A polícia não descarta hipótese de afogamento, apesar dos indícios de assassinato.
O jovem foi encontrado de cueca e com algumas lesões no corpo, no pescoço e rosto. Um laudo do IML que apontará as causas da morte. Para o pai, que foi até o Recife identificar o corpo do filho, ainda é cedo para falar de homofobia: “Existe toda uma suspeita que seja um caso de violência homofóbica, mas como eu ainda não sei exatamente o que aconteceu, eu prefiria não levantar bandeiras pra não cometer mais injustiças do que a que foi cometida com ele”. Se confirmado o crime de homofobia, o pai espera que a morte do filho não seja em vão: “Não é apenas um filho meu que morreu, mas um filho da sociedade. Eu gostaria que essa morte não fosse em vão e que servisse para que a gente refletisse sobre o que nós da sociedade estamos permitindo que aconteça. Independente da sua orientação sexual, é uma vida brilhante, um rapaz de 28 anos, jornalista, que tinha uma vida toda pela frente e que infelizmente ele não pode prosseguir”.
Segundo a delegada Gleide Ângelo, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), designada em caráter especial para o caso, a hipótese para o crime vai desde latrocínio (roubo seguido de morte) até homofobia, mas “ainda é cedo para afirmar se tratar de crime passional ou homofóbico”. Porém um laudo preliminar aponta sinais de espancamento (pedradas) e golpes de faca no corpo da vítima, o laudo final deve sair daqui a uma semana.O grupo pernambucano Leões do Norte, anunciou na mídia que outro assassinato por pedradas ocorreu na mesma cidade e lembrou que apenas este ano foram 30 homicídios de homossexuais em Pernambuco colocando o estado como o segundo mais perigoso para homossexuais no país.
Segundo dados do Grupo Gay da Bahia, 18 militantes gays foram mortos no Brasil nas últimas décadas, contando com o militante goiano. A OAB do Goiás emitiu nota de repúdio a morte do militante, chamando o de “um ativista respeitado do movimento LGBT no Estado”. Lucas era ainda presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) da cidade de Santo Antônio de Goiás e participava da diretoria de duas ONGs voltadas à comunidade LGBT.