Por Leandro Allegretti
Trabalho, trabalho! Eis que no trajeto para o trabalho comecei a reparar que MUITAS mulheres dentro do vagão do metrô liam o tão falado ‘50 Tons de Cinza’. Durante o ano passado todo perdi a conta de quantas mulheres vi carregando um dos volumes da trilogia. Virou mania (mundial, inclusive).
Resolvi ler para entender por que diabos o livro faz tanto sucesso. Vamos aos números: a trilogia vendeu mais de 40 milhões de cópias em 37 países e ultrapassou as vendas de Harry Potter e o Código Da Vinci no Reino Unido. Claro que o número de vendas deve crescer, inclusive por conta do filme baseado no primeiro livro, que está em fase de produção.
Mas como uma trama sobre sadomasoquismo pôde desbancar nosso querido Harry Potter e a História de Cristo, Nosso Senhor? o.O
Veja bem, é um livro essencialmente feito para mulheres. Com uma heroína (chata na medida certa) que consegue fazer com que um homem dominador, que não gosta de ser tocado, se derreta de amor e largue o vício “amoral” de praticar sadomasoquismo, ao extremo, para ficar com ela.
Dizem que as mulheres, ao fazerem sexo, amam um romance como preliminar. Esta trilogia comprova isso. Talvez, se o livro não tivesse um fundo de romance, fosse classificado apenas como pornô. Mas, como rola todo um lance de família, amizade e amor na trama, foi classificado pela mídia como “pornô de mamães”.
E, bom, rola muito sexo, em cada capítulo eles transam umas três vezes, pelo menos, e o leitor é “brindado” com riqueza de detalhes do tipo: “Ele circula os dedos dentro de mim, dando voltas e voltas, enquanto seu polegar acaricia meu clitóris, para frente e para trás, mais uma vez…”.
Imagine esse tipo de descrição nos mais variados lugares: num restaurante, num elevador, em cima do piano, na cozinha, na biblioteca, na cama, no quarto de jogos sexuais, na mesa de bilhar, num iate, no carro parado dentro do estacionamento, num avião. Basicamente, no céu, na terra e no mar.
Para completar, o Mr. Grey, mocinho malvado, é jovem, lindo, gostoso, tem pinto grande, transa bem e, PAUSA DRAMÁTICA: é podre de rico. Presenteia a chatonilda da Anastasia Steele, mocinha cheia de mimimi, com jóias, carros, edições raras de livros, dinheiro, roupas, viagens, uma editora na qual ela passa de empreguete para chefona e até uma mansão.
Sinceramente, não tinha como não fazer sucesso. Num mundo machista, onde as mulheres são reprimidas sexualmente, ver uma mocinha conquistar o amor “defeituoso” da vida dela, transar como louca, “consertar” o homem que ama e se tornar milionária da noite para o dia, é dar asas a imaginação de qualquer um. Sacanagem mesmo é fechar o livro e voltar para a vida real, não ter dinheiro no banco e só fazer sexo meia boca a cada Lua Cheia…
Leandro escreve para o doqueosgaysgostam.com, queria muito que o Mr. Grey fosse gay e o escolhesse como sua Anastasia Steele.