A vingança, tema principal de Hamlet, de William Shakespeare, é o fio condutor de Hamlet(Ego)Trash do diretor gay Cesar Almeida, do grupo de teatro Rainha de 2 Cabeças que comemora 30 anos de fundação. Com um histórico sólido de peças revolucionárias no sentido de apresentar contracultura e pioneira no teatro GLS na cidade, a história do grupo se confunde com a cena gay curitibana. Assassinatos, crimes, preconceitos da vida real sempre foram retratadas nas peças do diretor, que por diversas vezes chocou a hipócrita Curitiba tradicionalista com suas peças gays pesadas como Autoridade do Desejo, Whitman, O amor do Padre dos Balões, São Sebastião e História de amor e leptospirose, decicada por Almeida a seu companheiro e cofundador da companhia, Geraldo Kleina, morto em 2008. Além de Ardor 1 e 2 e de outras peças não menos importantes.
O clássico mais encenado em todo mundo, Hamlet, ganha em sua nova versão destaque para a guerra dos egos, espetacularização da vida íntima, busca pela fama custe o que custar, e da vingança custe o que custar àqueles que entraram em seu caminho, seja em ambiente físico ou virtual. Na visão do autor, “Hamlet é uma exigência do seu ego e ele tem que honrar sua querida Dinamarca e livrá-la para sempre dos vilões que o cercam. Ele tem que demonstrar seu heroísmo a todo custo. É um herói de capa e espada. Nada mais digno e exemplar para uma sociedade imersa em seu utópico sonho de justiça”.
Na abordagem pós moderna de Almeida, “dois DJs narram a estória trágica e tão patética ao mesmo tempo, pois não há mais espaço para a tragicidade na representação teatral de hoje”, alfineta o diretor que sempre coloca seus manifestos abertamente em seu trabalho. Cesar Almeida e a transexual Maite Schneider dividem a cena, Maite interpreta as personagens Ofélia (apaixonada de Hamlet) e Gertrudes (a mãe de Hamlet). Cesar é o enigmático Hamlet. Os atores colocaram suas vidas no texto peça, tornando-a ainda mais interessante para nossos leitores LGBT. Assistir ou não assistir, está fora de questão nessa peça. Assista!
Quando: Até 17/03, de quarta-feira a domingo, às 20 horas.
Onde: Teatro Experimental Universitário (Trav. Alfredo Bufren, 140 na sede da UFPR na Praça Santos Andrade – Centro)
Quando: Gratuito