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Jovem espancado em clube de Balneário Camboriú suspeita que agressão começou por reclamação de outro cliente

Redação Lado A 08 de Abril, 2013 03h29m

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André Barbosa, 22 anos, vítima de uma agressão covarde de dois seguranças do clube 2ME, na Avenida Atlântica, Barra Sul, em Balneário Camboriú, ocorrida por volta das 3h, desde Domingo, na frente da casa noturna, conversou com a Lado A por telefone e narrou o horror que viveu. A noite de sábado na companhia de amigos terminou no hospital. Ele teve um nariz quebrado, luxações e escoriações pelo rosto e tórax. Seu braço ficou roxo. Seu anel de prata entortou enquanto ele se defendia dos golpes em sua face, dados com joelhadas por dois seguranças. O acessório precisou ser cortado pois machucava seu dedo. Ele conta que por pouco não desmaiou mas que teve momentos que apenas escutava os xingamentos dos homens que bateram nele por vários minutos, até que seus amigos chegassem ao seu socorro.
 
Em um resumo dos fatos narrados por André (que podem ser lido na íntegra abaixo em seu relato que gerou repercussão no Facebook), ele conta que deu um beijo em um rapaz próximo ao banheiro, e outro beijo depois, perto da saída. Então, ele foi advertido pelo chefe da segurança: “Não quero ver você beijando mais aqui dentro”. Seus amigos protestaram e ele foi levado para o lado de fora, onde foi agredido. Em choque, ele conta que não esboçou reação e imaginava que estava sendo expulso do local apenas e iria chamar seus irmãos e resolver tudo. Porém, do lado externo, em um canto, ele foi xingado, ameaçado de morte e surrado. Até agora ele não acredita no que lhe aconteceu. “Eu não sei como vai terminar. Eu só sei que não quero que isso aconteça com mais ninguém”, desabafou ele que ainda guarda a sua comanda, que tem marcada apenas uma ice, consumida no início da noite.
 
Nesta segunda ele fará o exame de corpo de delito e diz que está revoltado. Foi a primeira vez que foi vítima de homofobia. “Foi um beijo normal. Eu não estava bêbado. Eu não sei o que aconteceu. Quanta ignorância. Que mundo é esse!” afirmou ele para a Lado A. O rapaz que ele beijou e conheceu naquela noite já entrou em contato pelo Facebook e afirmou que não ficou sabendo do desenrolar dos fatos até ver na internet. Sua família chegou ao local e em seguida a polícia. Os suspeitos foram levados à delegacia. Na hora teriam assumido a agressão, mas, em nota, o clube 2ME afirma que o grupo causava tumulto e que André teria agredido os seguranças e que não foi uma abordagem violenta e homofóbica. Ao ver o rosto do filho, o pai chorou. Segundo André, sua família o apoiará até o fim e seu pai comentou que muitos gays já devem ter sido agredidos e ficaram calados por não poder dizer em casa que foram vítimas de intolerância.
 
Ao ver as diversas versões na internet André nega que tenha agredido o segurança, ou que tenha havido uma garrafada ou mordida. Para ele, alguém de um dos camarotes reclamou aos seguranças, que agiram de forma violenta. Ele conta que os seguranças repetiram que ele estava atrapalhando o trabalho deles e ouviu uma discussão em que um deles perguntava para uma das pessoas que o defendia se ela sabia quanto custava um camarote na casa, e o mesmo disse que custava 2 mil reais. Ele também desmente que a casa prestou socorro ou qualquer solidariedade até o momento.  
 
Leia o relato completo de André:
 
Na madrugada de dia 06/04/2013 fui comemorar o aniversário do meu melhor amigo por volta das 01:30 da madrugada na famosa boate 2ME no dia que recebeu o TOP DJ Goodwil, foi a primeira vez que eu fui a casa, a pista estava lotada assim como os camarotes, porém aconteceu um fato que não posso me calar, pois como podem ver fui vítima de homofobia, estava tudo normal como deveria ser, todos dançando e se divertindo, em um momento da festa voltando do banheiro um menino me puxou se identificou, conversamos e nos beijamos, me despedi dele e voltei para meu grupo de amigos que estavam perto da porta de saída da casa, algum tempo passou, e novamente esse mesmo menino passou por mim e nos beijamos mais uma vez, um beijo normal, sem promiscuidade sem desrespeitar ninguém, o meu grupo de amigos acharam normal também, pois já sabiam da minha opção sexual, o beijo não durou cerca de 1 minuto e assim que terminamos fui abordado por um chefe da segurança da casa, com uma cotovelada no peito ele me disse “Não quero ver você beijando mais aqui dentro” No momento fiquei sem reação, perguntei o que estava fazendo de errado, foi ai que meus amigos se revoltaram e começaram a chamar o mesmo de homofóbico, como houve um tumulto logo um dos seguranças bem maior do que eu, pois tenho 1,67 e peso 54Kg me pegou pelo o pescoço me arrastando pra fora da casa, eu não me alterei em nenhum momento pois fiquei em choque por aquilo estar acontecendo só por eu ter beijado outro homem, não agredi o segurança fisicamente e muito menos verbalmente, na saída da casa o segurança alegou que eu havia agredido com um soco na boca para alguma responsável da entrada da 2ME mas isso não aconteceu de forma alguma, fiquei sem reação no momento achei tudo um absurdo. Mas então foi quando esse segurança e mais outro segurança me levaram para a porta da 2ME e começaram a me agredir me chamando de viadinho de merda e até me ameaçaram falando que iriam me matar e só pararam quando meus amigos chegaram na frente da 2ME.
 
Bom o que tenho mais pra dizer? Estou em choque com tudo que aconteceu, estou com o nariz quebrado, minha cabeça não para de doer e tomando remédios e tenho que me calar? Sei que estou me expondo muito, mas isso não podia ter acontecido de forma alguma, eles estão errados e eu vou procurar justiça e aqueles que estão no meu facebook e concordam com os atos dos seguranças por favor me exclua, já aqueles que acham isso uma injustiça por favor compartilhe…
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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