Transexual alega ter sofrido preconceito em seleção para vaga de trabalho na rede Carrefour

Maria Augusta Silveira é transexual, operada há 15 anos, de São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Ela tem todos os seus documentos readequados desde 2003 e estava buscando uma vaga de repositora na rede de supermercado Carrefour de sua cidade. Tudo corria bem na contratação, exames admissionais, documentos, até que ela entregou o seu histórico escolar. O documento, anterior a sua cirurgia, não trazia o seu novo nome e sexo, o que causou espanto, segundo ela, na pessoa responsável pela contratação, ao assumir que era transexual. A pessoa ficou de consultar os superiores e Maria foi solicitada a abrir uma conta salário.

Alguns dias depois, recebeu um telefonema afirmando que a vaga havia sido preenchida. Ficou sabendo porém que o mercado ainda não havia preenchido a vaga e deduziu que era por sua transexualidade que foi dispensada antes mesmo de começar a trabalhar. “Isso acabou com meu psicológico, minha auto-estima, e ainda antes disso, houve um dia em que esperava pela moça e ouvi quando alguém per guntou “a traveca ta esperando a fulana?”, então houve um “xiiiiii”, como a mandar a pessoa ficar quieta. A moça me ligou para que eu fosse buscar meus documentos pois ela não poderia ficar eles lá e eu fui na segunda-feira mas sai de lá arrasada”, contou Maria sobre a experiência que teve.

Foi a primeira vez que ela disse ter sentido o peso do preconceito em sua vida. “Tudo isso já está nas mãos da minha advogada, mas a vergonha, o sentimento de incapacidade de inutilidade e, pela primeira vez, sentindo dentro de mim o preconceito, tive vontade de morrer. De me matar mesmo!”, desabafou a moça que promete processar a empresa.

A rede Carrefour se pronunciou e afirmou que pediu desculpas a Maria Augusta e afirmou que houve um “uma falha nesse processo de seleção”. “A empresa reitera que tem uma rigorosa política de diversidade, difundida por meio de treinamento de seus 40 mil colaboradores, e repudia qualquer tipo de descriminação”, afirmou o supermercado em comunicado.

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa